Homem morre após um mês internado e família denuncia negligência
Morte ocorreu na madrugada de hoje no Hospital da Vida em Dourados e caso será investigado pelo Ministério Público
A morte de um homem de 33 anos ocorrida na madrugada desta terça-feira (26) no Hospital da Vida em Dourados, a 233 km de Campo Grande, vai ser investigada pelo Ministério Público de Mato Grosso do Sul. A mãe dele, Elizabeth Cabreira Clementino Faustino, aponta omissão, negligência e erro médico na denúncia recebida hoje de manhã pelo promotor Eteocles Brito Mendonça Dias Junior.
Conforme a denúncia à qual o Campo Grande News teve acesso, Marcel Cabreira Faustino tinha problemas neurológicos e foi internado no Hospital da Vida no dia 27 de outubro. Nesses 30 dias, segundo a mãe, Marcel passou vários dias na UTI (Unidade de Terapia Intensiva) e há dez dias voltou para um dos quartos.
Elizabeth narrou ao promotor que entre os dias 15 e 17 deste mês, o filho teve parada respiratória enquanto estava na UTI, mas ninguém do hospital teria relatado o caso à família e disse ter ficado sabendo bem depois, em conversa com um dos médicos do hospital. Na madrugada de hoje, Marcel teve outra parada, que foi fatal.
A moradora acusa os médicos e o hospital de não se preocuparem em transferir o paciente para o HU (Hospital Universitário) de Dourados ou para outra cidade com atendimento especializado.
Ela afirma que, após ouvir de um dos médicos que o hospital não procuraria vaga para a transferência, conseguiu atendimento para o filho em um hospital de Arapongas (PR), há pelo menos 15 dias, mas não conseguiu levá-lo a tempo que o hospital de Dourados não teria fornecido o laudo assinado pela equipe de neurologia.
Na denúncia, Elizabeth afirma que em todo o período em que o filho permaneceu internado, o Hospital da Vida não teria inserido qualquer pedido de transferência de Marcel para o HU. Segundo ela, o filho morreu de infecção generalizada, já que foi infectado por bactéria enquanto esteve na UTI. Ela também denunciou que Marcel teria ficado sem receber o medicamento para controle da infecção das 8h às 15h de ontem.
Ainda de acordo com a denúncia, o namorado de Elizabeth, que acompanhava o paciente na madrugada de hoje, disse que Marcel teve parada respiratória por volta de 4h, mas só às 5h20 foi levado para a área vermelha, onde morreu. A testemunha teria relatado que nesse período, o paciente foi atendido apenas por enfermeiros.
O depoimento da moradora será incluído no inquérito civil já em andamento no Ministério Público em Dourados para investigar mortes ocorridas no hospital supostamente por omissão e negligência no atendimento.
Hospital – A direção do Hospital da Vida negou irregularidade no atendimento e disse que a morte de Marcel Faustino ocorreu por causa da infecção apresentada pelo paciente.
Segundo o relatório médico, o paciente tinha craniofaringioma – um tumor benigno localizado na região intracraniana – e deu entrada no dia hospital no dia 16 de outubro com pneumonia. Após passar por procedimento para drenar o tumor, foi diagnosticado com “pneumonia grave generalizada, com risco de morte”, conforme o documento ao qual a reportagem teve acesso.
Ainda segundo o relatório, a entrada do paciente na unidade ocorreu devido à infecção e distúrbios hidroeletrolíticos graves e não por causa do tumor. “Infelizmente não foi possível controlar [a infecção], tendo efeito proibitivo a qualquer transferência ou intervenção neurocirúrgica”, segundo o documento. “Paciente não tinha condições clínicas de sair do hospital enquanto não fosse resolvida a causa infecciosa”, conclui o relatório.
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