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Interior

Hospitais de MS e SP lançam projeto para prevenir suicídios entre indígenas

Ação do HU-UFGD e da Santa Casa de SP irá treinar equipes na identificação e manejo de transtornos mentais

Por Mylena Fraiha | 26/09/2024 19:10
Médico faz atendimento remoto com indígena de MS (Foto: Divulgação)
Médico faz atendimento remoto com indígena de MS (Foto: Divulgação)

O HU-UFGD (Hospital Universitário da Universidade Federal da Grande Dourados) e a Santa Casa de São Paulo deram início a um projeto piloto de saúde mental e prevenção de suicídio na reserva indígena de Dourados, localizada a 251 km da Capital. A iniciativa tem como objetivo treinar e supervisionar equipes de atenção primária na identificação e manejo de transtornos mentais, para a prevenção do suicídio.

De acordo com o último Relatório de Violência contra os Povos Indígenas no Brasil, divulgado pelo Cimi (Conselho Indigenista Missionário), os suicídios nas comunidades indígenas aumentaram 56% em 2023 em comparação com 2022.

No total, 80 suicídios de indígenas foram registrados no ano passado, com 37 ocorrências em Mato Grosso do Sul, que ocupa o segundo lugar em números absolutos, atrás apenas do Amazonas, com 66 casos.

Devido a esse cenário, o projeto se propõe a identificar os principais obstáculos e gargalos na assistência em saúde mental na região, além de desenvolver intervenções e tratamentos adaptados às características culturais dos povos indígenas locais.

Importante pontuar que o modelo de matriciamento, uma abordagem na produção de saúde, envolve a colaboração entre duas ou mais equipes na construção de intervenções pedagógicas e terapêuticas. Neste caso, a parceria será com o Departamento de Psiquiatria da Santa Casa de São Paulo, que irá ajudar a implementar este projeto na reserva indígena de Jaguapiru.

Já a estratégia de telematriciamento combina o matriciamento tradicional com tecnologias de comunicação à distância. Nessa abordagem, equipes de saúde da família recebem suporte remoto de especialistas para lidar com casos complexos. O uso de ferramentas digitais, como videoconferências e plataformas online, proporciona um alcance maior e uma resposta mais ágil, especialmente em áreas de difícil acesso.

A iniciativa conta com o apoio operacional de André Rogério da Silva, chefe da Unidade de E-Saúde, e Wesley Eduardo Ferreira, chefe do Setor de Ensino do HU-UFGD, entre outros colaboradores.

Capacitação de equipes - Nos dias 6 e 7 de maio deste ano, o Ricardo Uchida, chefe do Departamento de Psiquiatria da Santa Casa, e o Thiago Pauluzi Justino, gerente de Ensino e Pesquisa do HU-UFGD, visitaram a reserva e a Unidade Básica de Saúde Jaguapiru II para mapear e planejar aspectos essenciais para a realização do matriciamento. Segundo Pauluzi, “existe uma alta prevalência de transtornos psiquiátricos nessa população, que precisam ser estudados”.

No último dia 3 de setembro, Thiago Pauluzi conduziu a primeira atividade de matriciamento com a equipe da Aldeia Jaguapiru II, orientando os médicos da atenção básica, Poliana e Gabriel, sobre a condução de casos de pacientes com transtornos mentais.

Além disso, foi realizado um curso de capacitação em telemedicina no HU-UFGD para médicos da atenção básica de Dourados, com o intuito de expandir o telematriciamento em saúde mental para as UBSs (Unidades Básicas de Saúde) do município.

De acordo com Thiago, os médicos da atenção básica expressaram preocupação com o aumento nos casos de Transtorno Depressivo, Ansiedade e Autismo em Dourados, e explica que o matriciamento pode ser uma ferramenta valiosa para facilitar o diagnóstico e o tratamento desses transtornos. “Toda vez que a distância impactar no cuidado e assistência à saúde do paciente, a telemedicina poderá ser uma boa ferramenta”.

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