Idosa teve casa destruída por torre há 6 anos, vive de aluguel e quer justiça
A família de Iracy Ferreira Garcia, 70 anos, teve a casa destruída por uma torre de telefonia da Oi em 25 de outubro de 2011 e passou os últimos seis anos morando de aluguel enquanto trava uma batalha na Justiça por uma indenização. O incidente aconteceu durante um temporal em Água Clara, a 198 quilômetros de Campo Grande.
“O imóvel está do mesmo jeito, com a torre em cima. A empresa só tirou os cabos. Colocaram até guarda enquanto tiravam o que era de valor, possivelmente o cobre na fiação”, diz a idosa.
No momento da queda havia oito pessoas no local. Netos, um bisneto de 1 ano e filhos de Iracy, um deles com deficiência intelectual. “Graças a Deus ninguém pereceu. Foi horrível. Primeiro um barulho muito grande, depois quebrou tudo e a gente viu o céu e a água”, afirma.
Os moradores estavam espalhados pelos cômodos no momento do incidente e os primeiros esforços se concentraram em retirar todos com segurança do local.
“Acabou tudo. Só ficou a inteira a varanda da frente. A torre caiu em cima dos quartos. Nós ficamos sem nada. Nem um colchão para dormir a gente tinha. Hoje, nós, que trabalhamos, conseguimos comprar uma cama mais algumas coisas. A única coisa que sobrou foi uma geladeira que estava do lado de fora da casa”, conta a idosa.
O bisneto de 1 ano e a filha com necessidades especiais ficaram traumatizados e até hoje fazem tratamento para se recuperar.
Briga – Iracy moveu uma ação contra a Oi pedindo ressarcimento dos danos. Segundo ela, a empresa chegou a agendar uma audiência de conciliação, mas cancelou em cima da hora. Desde então, o caso não está andando.
O primeiro problema veio na liminar para que a empresa de telefonia bancasse o aluguel da família. Os advogados da Oi recorreram até a última instância e quando perderam em definitivo, e o advogado da família Felipe Di Benedetto Junior foi cobrar a execução da decisão, a companhia entrou em recuperação judicial.
Com isso, todas as ações envolvendo a companhia foram travadas em todos os judiciários estaduais no país.
Até hoje Iracy e os filhos tiram do bolso o valor que pagam mensalmente para viver em uma residência que sequer é adaptada para as necessidades da filha, diferentemente da que foi destruída.
O segundo problema tem sido a lentidão da Justiça. Segundo Felipe, a vara de Água Clara está sem juiz titular e o substituto está julgando apenas casos intempestivos, que envolvem medidas com tutela de urgência.
A família já fez reclamações na Ouvidoria do Judiciário e Felipe pretende acionar a OAB-MS (Ordem dos Advogados do Brasil em Mato Grosso do Sul) ainda nesta semana, pois nesse caso, na opinião dele, a presença de um idoso e de um deficiente no processo em tese deveria torná-lo prioridade.
Outro lado - A Oi, via assessoria de imprensa, disse ao Campo Grande News que não comenta processos em andamento.
Já o Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul explica que atualmente o juiz de direito Idail de Toni Filho está designado para responder plenamente, em substituição, por todos os processos da comarca.
Contudo, pela Portaria nº 1298, de 6 de outubro de 2017, a juíza substituta Thielly Dias de Alencar Pithan e Silva foi designada, pela administração do órgão, para responder plenamente pela Comarca de Água Clara a partir de 7 de novembro de 2017.
A magistrada é proveniente do último concurso, que empossou 18 novos juízes substitutos, que iniciam as atividades com a conclusão do Curso de Formação Inicial.