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Interior

Indígenas estão resistentes porque não acreditam em uma solução, avalia deputada

Mesmo com apoio do MPF, situação em Douradina ainda está sem avanços entre indígenas e fazendeiros

Por Kamila Alcântara e Helio de Freitas, de Dourados | 23/07/2024 15:04
Indígenas em reunião com a comitiva da deputada Gleice Jane (PT) (Foto: Divulgação)
Indígenas em reunião com a comitiva da deputada Gleice Jane (PT) (Foto: Divulgação)

A deputada estadual Gleice Jane (PT) se reuniu com os indígenas da Aldeia Panambi, no município de Douradina, a 192 km de Campo Grande, na manhã desta terça-feira (23), e avaliou a situação como “tensa e com a comunidade desacreditada de uma solução”. Os guarani-kaiowá denunciam intimidações durante a noite e tentativas de despejo forçado por parte dos produtores rurais da região, que afirmam serem os verdadeiros donos das terras.

Durante a tarde de ontem (22), os produtores rurais estiveram com o procurador da República Marco Antônio Delfino de Almeida, no MPF (Ministério Público Federal) em Dourados, na companhia de deputados federais, estaduais e até da senadora Tereza Cristina (PP). Hoje foi o momento de ouvir os indígenas.

Segundo Gleice, a situação ainda é tensa porque o grupo não acredita que o Estado pode ajudar a resolver a situação. “A gente ainda não conseguiu construir uma proposta. Estamos na tratativa, ouvindo bastante, principalmente a comunidade indígena, para ver o que conseguimos avançar”, relata a parlamentar.

Por não acreditarem em uma solução institucional, resta apenas a luta. “Hoje nós retornamos e a comunidade se mostra muito resistente, porque ela não acredita mais no Estado, porque todas as promessas feitas até hoje não foram cumpridas. Eles acreditam somente na luta e na resistência deles. Nesse momento o que a gente quer é garantir que todo mundo saia bem nesse processo”, completa Gleice.

Área do conflito entre indígenas e fazendeiros, em Douradina (Foto: Divulgação)
Área do conflito entre indígenas e fazendeiros, em Douradina (Foto: Divulgação)

O conflito segue desde o dia 13 deste mês, quando um indígena foi baleado na perna por uma bala de borracha. Os indígenas, que montaram acampamento para reivindicar a terra, acusam fazendeiros de ameaças com capangas armados. Nos últimos dias, dois indígenas foram feridos por munições de borracha, conforme confirmado pelo MPI (Ministério dos Povos Indígenas).

Enquanto tentam negociar, o ministro Gilmar Mendes, do STF (Supremo Tribunal Federal), marcou para 5 de agosto o início dos trabalhos da comissão de conciliação que discutirá o marco temporal para a demarcação de terras indígenas. As reuniões estão previstas para seguir até 18 de dezembro deste ano.


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