ACOMPANHE-NOS     Campo Grande News no Facebook Campo Grande News no Twitter Campo Grande News no Instagram
JULHO, TERÇA  16    CAMPO GRANDE 14º

Interior

Indígenas montam acampamento em duas fazendas de Antônio João

O primeiro grupo entrou no último domingo, na Fazenda Morro Alto, de acordo com a Polícia Civil

Por Mylena Fraiha | 27/09/2023 17:08
Entrada das fazendas Barra e Fronteira, na região de Antônio João (Foto: Arquivo/Marcos Ermínio/Campo Grande News)
Entrada das fazendas Barra e Fronteira, na região de Antônio João (Foto: Arquivo/Marcos Ermínio/Campo Grande News)

Grupo de 12 indígenas montou acampamento nas fazendas Morro Alto e Fronteira, localizadas na região de Antônio João, a 279 km da Capital. A movimentação começou no domingo (24), de acordo com a Polícia Civil.

Ao Campo Grande News, a 1ª DP (Delegacia de Polícia) de Antônio João informou que os indígenas começaram a surgir na propriedade por volta das 23h, quando um grupo de 12 pessoas acampou em um pedaço da Fazenda Morro Alto.

Posteriormente, na madrugada de terça-feira (26) para esta quarta-feira (27), um novo acampamento foi montado na Fazenda Fronteira. As autoridades policiais não conseguiram informar o número exato de indígenas. Lideranças disseram que nesta quarta-feira o número de indígenas acampados nas duas fazendas gira em torno de 300 pessoas.

De acordo com o boletim de ocorrência, a movimentação nas terras da fazenda Fronteira foi liderada por dois indígenas. A Polícia Civil também relatou que não havia funcionários ou arrendatários presentes, pois eles já haviam sido informados dos acontecimentos e deixaram o local.

Conforme divulga o boletim de ocorrência, o mesmo grupo de indígenas demonstrou interesse em acampar na Fazenda Barra, mas desistiu da ação devido à presença de viaturas policiais próximas à fazenda.

Segundo a Polícia Civil, a movimentação dos indígenas permanece, com a Polícia Militar atualmente presente nos três locais  - Fazenda Morro Alto, Fazenda Fronteira e Fazenda Barra - para monitorar a situação de perto.

"No mais, o que posso salientar neste momento é que estamos atuando de modo a garantir integridade dos envolvidos e com as cautelas necessárias para que a situação não se agrave. Por enquanto, situação sem violência. Importante ressaltar que é uma invasão não apoiada pela própria liderança indígena", diz o delegado Clealdon Alves de Assis Junior, da 1ªDP de Antônio João.

Posicionamentos - De acordo com a vereadora de Antônio João, Inaye Kuña Ñevangaí, que também é uma das lideranças da Ñande Ru Marangatu, "os indígenas da região estavam cansados de esperar o julgamento do território e optaram por iniciar novo acampamento".

De acordo com Inaye, as lideranças inicialmente não demonstraram apoio ao movimento, mas agora, após decisão coletiva, optaram por oferecer apoio.

A proprietária da Fazenda Barra e presidente do Sindicato Rural de Antonio João, Roseli Pio, permanece em silêncio em relação aos recentes acontecimentos. A reportagem tentou contato por meio de ligação telefônica, entretanto, não obteve êxito.

No entanto, sua filha, Luana Ruiz, ao Campo Grande News, expressou preocupação com a situação. "Nós estamos em uma situação complicada de conflito e eu irei me restringir a entrar em contato com a imprensa".

Luana Ruiz esclareceu que a Fazenda Barra está localizada no município de Antônio João e que estão buscando estabelecer um diálogo entre as partes envolvidas para manter a paz na região.

"Eu preciso esperar um pouquinho, porque a situação é delicada. Nós vamos estabelecer diálogo dos dois lados, para a manutenção da paz, esse é o nosso objetivo. Maiores detalhes eu vou aguardar primeiro as manifestações. Não vou falar nada, para não correr o risco de falar algo que não condiz com a realidade", afirma Luana.

A reportagem também tentou contato com outras lideranças indígenas da região de Antônio João e com a Famasul (Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul), entretanto, até o fechamento desta matéria, não obteve resposta. O espaço segue aberto.

Em 2005, o território foi demarcado e homologado e a última tentativa de acampamento havia acontecido 8 anos atrás.

Conflito - A disputa agrária na região de Antônio João é antiga e já resultou na morte de indígenas. Um deles é Simeão Vilhalva, morto em 29 de agosto de 2015, durante um conflito nas fazendas Barra e Fronteira. A propriedade pertencia a um familiar de Roseli Maria Ruiz.

Desde o final dos anos 1990, os indígenas têm buscado a ocupação da Terra Indígena Ñande Ru Marangatu, que abrange uma área de 9.317 hectares, equivalente a cerca de 9.000 campos de futebol.

Atualmente, esta terra está dividida entre cinco fazendas dedicadas à criação de gado, sendo que três delas pertencem aos filhos de Pio Silva, esposo de Roseli.

Receba as principais notícias do Estado pelo Whats. Clique aqui para entrar na lista VIP do Campo Grande News.

Nos siga no Google Notícias