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Interior

Índios dizem temer ataques e denunciam água envenenada

Presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara esteve nesta quarta na aldeia Taquara em Juti e promete denunciar ameaças ao Ministério da Justiça

Helio de Freitas, de Dourados | 20/01/2016 17:02
Paulo Pimenta ao lado de um dos líderes do grupo, que segura pintura do rosto de Marcos Verón (Foto: Fabrício Carbonel/Divulgação)
Paulo Pimenta ao lado de um dos líderes do grupo, que segura pintura do rosto de Marcos Verón (Foto: Fabrício Carbonel/Divulgação)

Índios guarani-kaiowá da aldeia Taquara, no município de Juti, a 320 km de Campo Grande, temem novos ataques ao acampamento montado na Fazenda Brasília do Sul, palco da morte do cacique Marcos Verón, em 2003, e que voltou a ser ocupada no dia 15.

O temor foi manifestado por líderes do grupo ao presidente da CDDH (Comissão de Direitos Humanos) da Câmara Federal, deputado Paulo Pimenta (PT-RS), que esteve nesta quarta na aldeia Taquara.

Ao parlamentar e a servidores da Funai e do MPF (Ministério Público Federal), os índios relataram violações e denunciaram que novos ataques podem acontecer no final de semana. Segundo a assessoria de Paulo Pimenta, os guarani-kaiowá pediram proteção às autoridades federais, já que crianças e mulheres estão no acampamento.

Água envenenada - “Os indígenas se mostram inconformados com a possibilidade de envenenamento de mais uma fonte de água, pelos ruralistas, que pretendem avançar em área dos guarani-kaiowá para plantar cana. Esse é o motivo da nova resistência”, afirma a assessoria.

"Não vão acabar com a nossa água. As únicas áreas e riachos que ainda estão preservados são as que estão próximas aos nossos acampamentos. O resto já foi tudo envenenado", disse uma liderança citada pela assessoria de Paulo Pimenta. "Nossa área é de 9.700 hectares, já reconhecida pela Funai. Quando sair a homologação de nossa terra queremos que ela ainda esteja preservada. Por isso, vamos resistir e continuar com nossas retomadas", explica outro líder da Taquara, que não teve o nome divulgado.

No dia 15 deste mês, pelo menos 600 índios saíram da área na qual tinham permissão da Justiça para permanecer e seguiram para perto da sede. A movimentação gerou tensão. Uma equipe do DOF (Departamento de Operações de Fronteira) foi ao local, o que deixou o clima ainda mais tenso.

Luta de duas décadas – Segundo Paulo Pimenta, há 19 anos os índios lutam pela demarcação das terras. Em 2010, o Ministério da Justiça reconheceu a área sob disputa como território dos guarani-kaiowá. Desde então os índios aguardam a homologação da área pelo governo federal.

Pimenta disse que a presença de autoridades federais na região demonstra que nenhum ato de violência contra os guarani-kaiowá será ignorado pelo poder público. Ele prometeu levar os relatos de ameaças ao Ministério da Justiça.

O Ministério Público Federal informou que trabalha para agilizar uma nova perícia antropológica na área para desbloquear o procedimento de demarcação, suspenso por uma liminar do STF (Supremo Tribunal Federal).

Segundo a assessoria, Pimenta ainda vai se reunir com índios do Tekohá Tey Jusu, em Caarapó, onde vivem 30 famílias.

Paulo Pimenta prometeu relatar ao Ministério da Justiça supostas ameaças contra os índios (Foto: Fabrício Carbonel/Divulgação)
Paulo Pimenta prometeu relatar ao Ministério da Justiça supostas ameaças contra os índios (Foto: Fabrício Carbonel/Divulgação)
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