Índios relatam ataques em acampamento onde adolescente foi morto
Índios do acampamento Pindoroky, na fazenda Santa Helena, em Caarapó, a 283 quilômetros de Campo Grande, dizem que foram atacados por pistoleiros na sexta-feira (22) e no sábado (23). Na fazenda foi assassinado o adolescente guarani-kaiowá Denilson Barbosa, de 15 anos. O crime aconteceu no dia 17.
De acordo com o Cimi (Conselho Indigenista Missionário), um dia após o crime, cerca de 500 índios ocuparam a área, afirmando se tratar do território tradicional Pindoroky. Por volta das 12 horas de sexta-feira, indígenas disseram que um grupo de pessoas esteve no portão da fazenda e deu quatro tiros, que não atingiram ninguém.
Segundo o Cimi, para os indígenas, o ataque tem ligação com os fazendeiros da região e com a família envolvida no crime. Os índios tentaram alcançar os atiradores, que fugiram quando a comunidade se aproximou.
Conforme relatos do Conselho do Aty Guasu, publicados no Facebook, por volta das 22 horas de sábado, enquanto os guarani-kaiowá faziam a cerimônia alusiva ao sétimo dia da morte de Denilson Barbosa, outro grupo de atiradores chegou em camionetes por uma fazenda vizinha, cercou o acampamento, iluminou e atirou.
Diante da situação, os indígenas correram e fugiram pelo canavial que ladeia a área. Não há registros de feridos. De acordo com o Conselho Aty Guasu, a comunidade está bastante apreensiva, pois os pistoleiros permanecem no local, rondando a área e intimidando as famílias.
O fazendeiro Orlandino Gonçalvez Carneiro confessou à Polícia Civil que matou o garoto a tiro. Ele informou à Polícia Civil que estava sozinho na propriedade quando ouviu os latidos dos cachorros, que correram para a área da lagoa. Ao perceber o movimento, Orlandino disse ter disparado dois tiros.
Para a Polícia, o fazendeiro contou que quando se aproximou da lagoa percebeu que alguém estava ferido. Então ele pegou o garoto, colocou dentro do carro e diz que tentou levá-lo até Caarapó.
No caminho, ele conta que imaginou que estava sendo seguido por um grupo de indígenas e por isso abandonou o corpo do adolescente na estrada.
O fazendeiro está em liberdade, mas a prisão pode ser pedida caso seja constatado que houve intenção de matar.
A situação trouxe a Mato Grosso do Sul a ministra da Secretaria de Direitos Humanos Maria do Rosário. Ela se reúne com autoridades e lideranças indígenas.