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Interior

Índios relatam momento de terror durante confronto com fazendeiros

Viviane Oliveira e Antonio Marques, enviado especial a Antônio João | 30/08/2015 16:10
Criança foi atingida por tiro de bala de borracha. (Foto: Marcos Ermínio)
Criança foi atingida por tiro de bala de borracha. (Foto: Marcos Ermínio)

Os índios relataram nesta tarde (30), como foi o momento de terror em uma das fazendas, onde ocorreu o confronto entre índios e fazendeiros, que acabou com a morte do indígena Kaiowá Guarani Semião Fernandes Vilhalva, 24 anos, em Antônio João, distante 279 quilômetros de Campo Grande. Até uma criança de pouco mais de 1 ano foi atingida por bala de borracha na nuca e nas costas.

Um indígena, que pediu para não ser identificado, contou que foi ferido a pauladas e precisou levar três pontos na testa. Já a criança atingida por bala de borracha estava no colo da avó. “A gente não queria conflito, apenas liberdade para viver”, diz. A menina passou por atendimento médico e passa bem.

Uma outra índia, contou que os indígenas estão proibidos de comprar gasolina na cidade. “A gente não fez nenhum tipo de ataque em máquinas e nem em casas. Ao contrário, foram eles que colocaram fogo em nossas motocicletas”. Segundo a mulher, nove motos foram queimadas pelo produtores rurais. A índia diz que a luta continua e que a comunidade não vai ficar restrita no espaço, enquanto o gado ocupa o maior espaço nas fazendas. No total, segundo ela, são 3 mil indígenas que vivem na região de Antônio João. Para Funai (Fundação Nacional do Índio) de Ponta Porã, são pouco mais de 1,2 mil índios.

Disputa - Há 11 anos, os índios começaram com o que chamam de retomada de seu Tekohá, ocupando cerca de 500 hectares do total de quatro fazendas. Desde então, começou a briga na Justiça e o Governo Federal homologou a demarcação da terra indígena Ñande Ru Marangatu, mas a Polícia Federal despejou os índios, segundo determinação da Justiça Federal. Os Guarani Kaiowá, então, foram para acampamentos às margens da rodovia na MS-384, que liga Antônio João e Bela Vista. Local, onde Dorvalino Rocha foi morto a tiro no dia 24 de dezembro de 2005.

Depois de seis meses acampados na região, em dezembro de 2005, o grupo com 500 pessoas foi removido para cerca de 100 hectares, a partir de acordo judicial intermediado pelo MPF (Ministério Público Federal).

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