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Interior

Investigado por fraude em licitação, advogado é preso com munições

Christopher Pinho Ferro Scapinelli, que também é empresário, passa por audiência de custódia hoje

Por Helio de Freitas, de Dourados | 12/06/2024 09:24
Christopher Scapinelli é principal alvo da Operação Sommelier, deflagrada ontem (Foto: Reprodução)
Christopher Scapinelli é principal alvo da Operação Sommelier, deflagrada ontem (Foto: Reprodução)

O advogado e empresário campo-grandense Christopher Pinho Ferro Scapinelli, 41, foi preso em flagrante nesta terça-feira (11) com um carregador de pistola Glock e 25 munições calibre 40. Pelo Estatuto do Desarmamento, a posse do material configura crime de porte ilegal de arma de fogo de uso restrito.

Scapinelli foi um dos alvos da Operação Sommelier, deflagrada ontem pelo Gecoc (Grupo Especial de Combate à Corrupção) e Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado) para investigar fraude em licitação da Prefeitura de Douradina, cidade a 292 km da Capital.

O advogado é dono da Delta Concursos e Treinamentos, contratada pelo município de Douradina por R$ 154 mil para organizar concurso para contratar servidores públicos. Segundo investigação do Ministério Público, a empresa é de fachada e funciona no mesmo endereço de uma loja de vinhos em Campo Grande.

Durante buscas na casa de Christopher Scapinelli, na Rua Caconde, no Bairro Santa Fé, policiais militares em apoio à operação encontraram o carregador de pistola com 10 munições e outros 15 cartuchos intactos dentro de uma meia no guarda-roupa do quarto.

Como não comprovou possuir autorização para possuir as munições, o advogado foi levado para a Depac Cepol e autuado em flagrante pelo delegado Felipe de Oliveira Paiva. As buscas na casa dele foram acompanhadas por representante da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil).

Em depoimento na delegacia, Christopher Scapinelli alegou que havia encontrado o carregador e as munições “encaixotados por engano na mudança” que havia feito quatro anos antes. Disse que o material pertence a seu cunhado, que é policial federal. Como o parente viria a Campo Grande no fim do ano, alegou que decidiu guardar as munições para lhe entregar e que tinha até mesmo esquecido da existência do carregador e cartuchos no guarda-roupa.

Por ser advogado, Christopher Scapinelli foi encaminhado para a “Sala de Estado Maior” no Presídio Militar Estadual. Ele passa por audiência de custódia na manhã desta quarta-feira (12).

Policial do Gaeco em frente à Prefeitura de Douradina, ontem, duante operação (Foto: Direto das Ruas)
Policial do Gaeco em frente à Prefeitura de Douradina, ontem, duante operação (Foto: Direto das Ruas)

A operação – Segundo investigação do Ministério Público, sem concorrentes e com prévia preparação feita com ajuda de servidores públicos do município, o certame “viciado” aprovou a empresa Delta e desclassificou as demais candidatas ao serviço.

O concurso, "cheio de erros", segundo os investigadores, não só prejudicou candidatos como também serviu para aprovar a secretária de Saúde de Douradina Angela Cristina Marques Rosa no cargo de coordenadora pedagógica e o filho dela, Caio Magno Marques Souza, como motorista.

A operação de ontem cumpriu 11 mandados de busca e apreensão em Douradina, Campo Grande, Dourados, Florianópolis e Itaporã, onde mora o procurador jurídico do município, Thiago de Lima Holanda. Durante as buscas foram apreendidos R$ 180 mil em espécie.

O Gecoc cita envolvimento de dois servidores lotados no Setor de Compras, da secretária de Saúde, da secretária de Administração, de uma pregoeira e do procurador jurídico de Douradina.

Segundo a denúncia, os envolvidos “dolosamente desclassificaram as propostas concorrentes, com a injustificável e imotivada alegação de serem inexequíveis, e mais, aduzindo, sem qualquer fundamentação ou justificação, que as concorrentes não ‘dariam conta de fazer o concurso’, em que pese fossem empresas com expertise na área, totalmente diferente da empresa contratada”.

Segundo a investigação, três meses antes da abertura do processo licitatório, Christopher já mantinha contato com a secretária de Saúde de Douradina para afinar os procedimentos a serem adotados até a assinatura oficial.

A mesma secretaria já havia contratado a empresa de advocacia de Christopher para "assessoria e consultoria em saúde pública, gerenciamento de gestão de Atenção Básica, treinamentos e acompanhamentos em todos os programas pertinentes e atenção básica, média e alta complexidade, para o período de 12 meses, ao custo total de R$ 240.0000,00”.

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