Juiz acata denúncia contra quatro envolvidos na morte de advogado
Quatro acusados de participação no assalto que terminou com a morte do advogado Márcio Alexandre dos Santos, 36 anos, no dia 25 de outubro deste ano, agora são réus em ação penal que tramita na 2ª Vara Criminal de Dourados, a 233 km de Campo Grande, onde ocorreu o crime. Isaque Daniel Gonçalves Baptista, 22 anos, e Emerson Antunes Machado, o “Alemão”, 21, estão presos. Ângelo Ramão Bardão Rocha, o “Gordinho”, e Aldair Barbosa Souza, o “Bruno”, permanecem foragidos.
Eles teriam cometido o crime para roubar a caminhonete do advogado, uma Hilux SW4, levada para o Paraguai e até agora não encontrada. Márcio foi morto com oito tiros, supostamente disparados pelo próprio amigo, o agente federal Portela, que reagiu ao assalto. A hipótese é que, embriagado, ele tenha confundido o advogado com um dos assaltantes.
A denúncia do Ministério Público por “roubo majorado”, feita após a conclusão de um dos três inquéritos instaurados pela Polícia Civil para investigar o caso, foi aceita pelo juiz Jairo Roberto de Quadros.
Isaque Baptista, o “Carioca”, teve participação direta no roubo e foi atingido pelo policial com dois tiros na barriga. Emerson Machado, o “Alemão”, também estava com o grupo e foi preso em Dourados alguns dias depois do crime. Gordinho ajudou diretamente no roubo e levou a caminhonete para o Paraguai. Aldair era dono do Gol dourado usado no assalto.
Outras duas pessoas foram presas durante as investigações, mas não teriam ligação direta no assalto ao advogado: Maycon Macedo da Silva, 32, dono da casa onde Emerson foi preso e cúmplice do bando no tráfico de drogas, e Antonio Barbosa da Silva, o “Véio”, apontado como chefe do bando e articulador dos crimes.
Maycon e Antonio foram indiciados por associação criminosa, porque participaram da tentativa de assalto a um comerciante da cidade, horas antes do roubo ao advogado. Entretanto, não tiveram participação direta no assalto ao advogado. Maycon também foi indiciado por tráfico de drogas, já que em sua casa foram encontradas porções de cocaína e crack.
Um mês após o crime, o delegado responsável pelas investigações, Adilson Stiguivitis, do SIG (Serviço de Investigações Gerais), ainda aguarda os laudos da perícia para concluir o inquérito sobre o assassinato. Recentemente ele disse ao Campo Grande News que deve indiciar o agente federal Portela por homicídio.
O caso – Em depoimentos à polícia, Isaque Baptista contou que no mesmo dia do assalto ao advogado o grupo chegou a tentar roubar a caminhonete de um empresário da cidade, mas desistiu devido à presença de seguranças armados na casa noturna que funciona afastada do centro.
Antes de saírem atrás de outra vítima, deixaram Maycon e Antonio Barbosa na casa do primeiro. Isaque, Gordinho, Aldair e Alemão seguiram a caminhonete até Márcio Alexandre parar na rua Albino Torraca, próximo à rua Ciro Melo.
O advogado e o policial federal desceram para urinar. Nesse momento o Gol passou pela caminhonete, parou na frente e desceram Isaque e Gordinho. Com o revólver calibre 22 em punho, Isaque foi até o carona e ordenou que se rendesse. Gordinho foi direto até o advogado e após dominá-lo assumiu a direção da caminhonete.
O policial reagiu, acertou Isaque duas vezes na barriga. Ferido, ele disse que não teve tempo de puxar o gatilho, mas afirma ter visto o carona atirando várias vezes na direção de Gordinho, que já tinha assumido a direção.
Segundo Isaque, seu comparsa vestia roupas semelhantes às usadas pelo advogado, que foi atingido por tiros nas costas, braços e na nuca. Até o dia seguinte, quando foi preso no hospital, Isaque diz que pensava que o homem caído no chão era o comparsa Gordinho.
Além do roubo ao advogado, o grupo é acusado de fazer parte de uma quadrilha de traficantes. Isaque informou à polícia que Gordinho e Alemão moram em Ponta Porã e costumeiramente trazem droga para Dourados. A droga era vendida na casa de Maycon, onde funcionava uma “boca”.