Juiz decreta preventiva e acusado de mandar decapitar rival fica preso em MS

O juiz da 1ª Vara Criminal Alessandro Leite Pereira decretou a prisão preventiva de Maikel Pereira dos Santos, 28, bandido procurado pela Justiça de Mato Grosso e capturado na noite de terça-feira (12) em Dourados, a 251 km de Campo Grande.

Ex-integrante da facção criminosa Comando Vermelho e acusado de ordenar a decapitação de um rival em Lucas do Rio Verde (MT), no ano passado, ele morava em Dourados usando documentos falsos em nome de Samuel Henrique da Silva.

Maikel foi localizado por policiais do Dracco (Departamento de Repressão à Corrupção e ao Crime Organizado) e da Defron (Delegacia Especializada de Repressão aos Crimes de Fronteira) na Rua Vinte e Nove, 45, no bairro Altos do Indaiá, região oeste de Dourados.

Além do crime de uso de documento falso, foi autuado em flagrante por tráfico de drogas por estar de posse de 255 gramas de cocaína em papelotes. Após se refugiar no interior de Mato Grosso do Sul usando identidade falsa, ele passou a se dedicar ao comércio de drogas na segunda maior cidade do Estado.

Em decorrência desses crimes, Maikel deve continuar preso em Dourados até a conclusão dos processos e cumprimento das penas. Ele segue na carceragem da Depac (Delegacia de Pronto Atendimento Comunitário), mas deve ser levado em breve para a PED (Penitenciária Estadual de Dourados).

Ao analisar o pedido da Defensoria Pública, de liberdade provisória pelos crimes de tráfico e uso de documento falso, o juiz citou que a prisão cautelar se revela “imprescindível”, uma vez que Maikel possui ações penais e condenações em trâmite em seu estado de origem.

“O autuado possui condenação anterior pelo crime de homicídio, estando evadido do sistema prisional. Em consulta ao sítio eletrônico do TJMT, foi possível constatar a existência de diversas ações penais em trâmite por suposto crime de tráfico de drogas”, citou o magistrado.

Alessandro Leite Pereira cita ainda que Maikel afirmou ser faccionado de organização criminosa, o que também demonstra necessidade de custódia cautelar para garantia da ordem pública e impedir que, solto, volte a praticar novos crimes.

Jurado de morte – Em depoimento à Polícia Civil, Maikel Pereira dos Santos afirmou ter se mudado de MT para MS em janeiro deste ano, para morar com a mãe e o padrasto no endereço em que foi preso.

O bandido alegou ter se instalado em Dourados para escapar da sentença de morte determinada pelo Comando Vermelho após suspeita de que teria ingressado na facção rival, o PCC (Primeiro Comando da Capital).

Sobre os documentos falsos em nome de Samuel Henrique Filho, disse ter comprado RG, Certidão de Nascimento, CPF e Título de Eleitor por R$ 11 mil, mas se negou a revelar quem foi o fornecedor.

Em relação às porções de cocaína encontradas na casa, Maikel disse que havia comprado a droga após vender uma corrente de ouro. Alegou que a mãe e o padrasto não sabiam do entorpecente e disse que ainda não havia feito nenhuma venda.

Segundo a investigação policial, Maikel criou perfil em rede social oferecendo 50 gramas de cocaína por R$ 50,00. Sobre isso, alegou ter feito o “anúncio” para “confrontar o pessoal do Comando Vermelho”, pois nem mesmo em Dourados a droga é vendida por preço tão baixo.

Decapitação ao vivo – O crime bárbaro que teria sido ordenado por Maikel em MT, em janeiro de 2022, foi filmado pelos autores e teve como vítima Gediano Silva, 19, conhecido como "Gegê". Ele foi amarrado e teve a cabeça arrancada com um facão. A execução foi amplamente compartilhada nas redes sociais como forma de disseminar o terror em Lucas do Rio Verde.

Nithiely Silva, conhecida como “Princesinha Macabra”, que ocupava cargo na hierarquia do Comando Vermelho em Lucas do Rio Verde e filmou a execução, já havia sido presa por participação no crime.

Conforme o Dracco-MS, que localizou o bandido em Dourados após compartilhamento de informações com policiais mato-grossenses, Maiekel era alvo de seis mandados de prisão expedidos pela Comarca de Lucas do Rio Verde.

A decapitação de Gegê causou grande clamor social, tanto pela crueldade quanto pelo fato de que a facção teria propositalmente divulgado vídeos para causar terror em toda a sociedade.

Segundo o Dracco, mesmo procurado no estado vizinho, Maikel não parou com suas atividades criminosas e passou a se dedicar ao tráfico de drogas em Dourados, inclusive, divulgando em rede social a oferta dos entorpecentes.

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