Justiça afasta secretários e diretor de hospital de cargos em Corumbá
Eles são alvos da operação que investiga desvio de dinheiro público e direcionamento de licitações
Além da prisão temporária, a Justiça Federal determinou o afastamento de servidores da prefeitura de Corumbá. Eles são alvos da operação Decoada, realizada pela PF (Polícia Federal), que investiga desvio de dinheiro público e direcionamento de licitações.
Em Corumbá, foram presos o secretário de Finanças e Administração, Daniel Martins Costa; o ex-presidente da Fundação de Cultura e Turismo, Rodolfo Assef Vieira, que deixou o cargo para disputar as eleições; e a servidora Camila Campos Carvalho Faro. Em Campo Grande, foi preso o assessor de gabinete Carlos Porto. Ele já foi presidente da Fundação de Cultura do governo Zeca do PT e secretário na administração.
O secretário de Finanças e Porto foram afastados de suas funções. Conforme o Diário Online, a lista de afastamentos ainda inclui o secretário municipal de Saúde, Lauther Serra; diretor da junta interventora do Hospital de Caridade, Vitor Salomão Paiva; e os servidores Osana de Lucca, Márcio Androlage Chaves e Maria Vitória da Silva.
De acordo com o delegado da PF (Polícia Federal), Alexandre do Nascimento, as prisões e afastamentos foram por indícios de participação no esquema para lesar os cofres públicos. Ainda não foi determinado o tamanho do prejuízo, contudo, as fraudes envolvem milhões de reais em recursos federais.
Quebra-cabeça - A ação foi um desdobramento da operação Questor, realizada em maio de 2011, na prefeitura de Ladário, cidade vizinha a Corumbá. Na investigação, conforme a CGU (Controladoria-Geral da União), descobriu-se que maioria das empresas envolvidas na Questor é, atualmente, fornecedora, algumas de forma exclusiva, da prefeitura de Corumbá.
Na Questor, o crime consistia em montagem e manipulação de processos licitatórios, mediante a restrição ao caráter competitivo, falsificação de documentos para favorecer empresas fantasmas ou com vínculos com servidores da prefeitura de Ladário.
Na operação do ano passado, foram presas sete pessoas: seis servidores da prefeitura de Ladário e um empresário. Em ambos os casos, os desvios eram em de recursos destinados às áreas de Saúde, Educação e infraestrutura dos municípios. Ainda não foi oferecida denuncia à Justiça.
Decoada – Nesta quinta-feira, a PF cumpriu mandados de buscas e apreensão na prefeitura e hospital de Corumbá, além da prefeitura de Ladário. Ao todo, foram quatro mandados de prisão temporárias (válidos por cinco dias), 36 mandados de busca e apreensão e 28 de condução coercitiva.
As investigações, que duraram mais de um ano, foram realizadas em conjunto pela Polícia Federal, MPF (Ministério Público Federal), CGU (Controladoria-Geral da União) e MPE (Ministério Público Estadual).
A força-tarefa apontou a ocorrência de fraudes e direcionamentos em licitações, corrupção, desvio de recursos públicos e pagamentos de propina, com o envolvimento de servidores públicos municipais e empresários.
A operação foi batizada de Decoada em analogia ao fenômeno natural em que vegetação local entra em decomposição na seca, reduzindo o oxigênio da água. Como a corrupção, que asfixia a população.
Participam dos trabalhos cerca de 100 policiais federais, 16 servidores da CGU e quatro policiais da Força Nacional de Segurança Pública.
Sem salário – Previsto para ser liberado na tarde de hoje, o salário dos servidores públicos de Corumbá só será pago amanhã. Conforme a assessoria de imprensa, como os servidores não têm acesso ao Paço Municipal, os salários não foram liberados.
A assessoria também informou que o prefeito de Corumbá, Ruiter Cunha (PT), dará uma entrevista coletiva, provavelmente amanhã de manhã.