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Interior

Justiça faz quinta-feira assembleia de credores de usina da família Bumlai

Suspensa duas vezes por um dos credores, assembleia pode aprovar plano de recuperação judicial da São Fernando

Helio de Freitas, de Dourados | 07/03/2017 15:45
Usina São Fernando enfrenta pedidos de falência na Justiça (Foto: Divulgação)
Usina São Fernando enfrenta pedidos de falência na Justiça (Foto: Divulgação)

Está confirmada para quinta-feira (9), às 9h, a assembleia geral de credores da Usina São Fernando. A reunião será em um local de eventos na Avenida Guaicurus, em Dourados, cidade a 233 km de Campo Grande e onde fica a sede da indústria que pertence à família do pecuarista José Carlos Bumlai, condenado na Operação Lava Jato.

Suspensa duas vezes no ano passado, a assembleia vai tentar aprovar o plano de recuperação da empresa, que tem R$ 1,5 bilhão em dívidas e enfrenta vários pedidos de falência.

Ontem (6), trabalhadores rurais que estão acampados na fazenda São Marcos, também de propriedade da família Bumlai, protestaram em frente à usina para cobrar a desapropriação das terras.

O juiz da 5ª Vara Cível de Dourados, Jonas Hass Silva Junior, que cuida do processo de falência da São Fernando, determinou que se a assembleia não acontecer quinta-feira, será adiada para 16 de março. Uma atendente da 5ª Vara informou que por enquanto a assembleia está confirmada.

Os controladores da São Fernando pretendem aprovar a constituição de uma unidade produtiva isolada (UPI) a ser leiloada judicialmente. Até o momento, apenas a gestora de fundos Amerra, dos Estados Unidos, formalizou proposta.

Liminar – A assembleia dos credores tinha sido marcada pelo juiz Jonas Hass Silva Junior para o dia 17 de novembro, mas o BNP Paribas entrou com um agravo de instrumento requerendo a falência da usina. O tribunal deferiu a liminar e suspendeu a assembleia até o julgamento do agravo. Em janeiro deste ano, o próprio TJMS alterou a decisão e liberou a realização da assembleia.

Foi a segunda vez que o BNP Paribas pediu a falência da Usina São Fernando. A assembleia de credores marcada para maio de 2016 também foi suspensa após o banco entrar com mandado de segurança.

O BNP alegou que a usina não apresentou documentos necessários para o andamento do processo de recuperação judicial. Na avaliação do banco, não é possível ter uma nova assembleia de credores, pois a empresa já estava sujeita ao cumprimento do plano de recuperação aprovado em anteriormente.

O banco representa um grupo de credores que tem pelo menos R$ 80 milhões a receber da São Fernando. Fazem parte do grupo o ABN Amro, o Israel Discount Bank of New York, o Banco de Crédito e Inversiones S.A. Miami Branch, o Credit Europe Bank N.V., o BNP Paribas e o BNP Paribas Brasil SA.

Proposta – A Amerra fez uma nova proposta ao BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), um dos principais credores da usina, se comprometendo em quitar a dívida em atraso que a usina de açúcar e etanol tem com o banco e parcelar o restante a pagar, quase R$ 270 milhões, por 17 anos pela TJLP (Taxa de Juros de Longo Prazo TJLP).

A proposta inclui o pagamento de aproximadamente R$ 50 milhões que a usina tem em atraso com o Banco do Brasil e mais R$ 50 milhões referente à primeira parcela renegociada com os demais credores. A Amerra também se compromete a investir R$ 50 milhões para plantar cana-de-açúcar no primeiro ano. A transação deve demorar e depende de todos os credores da usina.

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