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Lugar mais distante a receber urnas na cidade tem paz que faltou em eleição

Em Anhanduí, a 55 km de Campo Grande, clima é pacífico, propaganda eleitoral é inexistente e democracia é exercita entre amigos

Izabela Sanchez e Guilherme Henri | 28/10/2018 15:57
Lugar mais distante a receber urnas na cidade tem paz que faltou em eleição
Mulher beija bebê no único local de votação em Anhanduí, a Escola Municipal Isauro Bento Nogueira (Paulo Francis)
Mulher beija bebê no único local de votação em Anhanduí, a Escola Municipal Isauro Bento Nogueira (Paulo Francis)

O clima das eleições deste ano está acirrado, com ranger de dentes e promessa de guerra sejam quais forem os resultados. Mas não em Anhanduí, para onde as urnas de Campo Grande viajaram 55 quilômetros para encontrar o eleitorado de 5 mil habitantes do distrito. No local, escondido de tumulto, o clima é de paz e a democracia é exercida entre amigos.

Para votar, basta apenas uma viagem de bicicleta ou mesmo a pé. As 8 seções eleitorais encontram lugar no único local de voto, a Escola Municipal Isauro Bento Nogueira. Propaganda eleitoral? Inexistente. Votar é também um passeio de família, e o trajeto é uma oportunidade para encontrar amigos, que são chamados pelo primeiro nome.

Senhoras chegam de sombrinhas, e depois do voto, o descanso é certo embaixo da sombra de uma árvore. Para votar, roupas comuns. Em Anhanduí, trajes pró candidatos não são vistos. Os assuntos, dos mais corriqueiros e política é praticamente o último tema de uma conversa. Escondido às margens da BR-163, Ananduí é reduto da paz.

É o que sentem e relatam os moradores. A dona de casa Maria Aparecida Novais, de 47 anos, experimenta essa tranquilidade há 15 anos. “Não troco esse sossego por nada”, comenta. Antes a eleitora escolhia candidatos na Capital e transferiu o título ao mudar para o distrito. O voto, avalia, foi rápido e “quando se deu conta já tinha votado”.

“É uma paz”, comentou. Para ela, durante o voto, os eleitores encontram muitas pessoas dispostas a ajudarem a exercer a democracia.

O casal de eleitores de Anhanduí Adelma e Querino (Paulo Francis)
O casal de eleitores de Anhanduí Adelma e Querino (Paulo Francis)

O casal Adelma da Silva Cruz, 43, dona de casa e o autônomo Querino Rui Dias, 57, estrearam, este ano, os votos em Anhanduí. Antes, o casal votava em Nova Alvorada do Sul, a 120 km de Campo Grande. Os dois declararam “espanto” pela rapidez do processo.

“Estava apreensiva, porque como só tem um colégio, achei que seria um tumulto. Cheguei, votei, e fui embora”, comentou, Adelma. A tranquilidade do primeiro turno, conta, se repetiu no segundo.

“Rapaz, bom demais votar aqui, não troco mais não. Por mim vou votar aqui até eu morrer”, comentou, alegre, Querino.
Quem também votou pela primeira vez no distrito da paz é o domador de cavalos Arildo Godoi, 51. Natural de Itaquiraí, a 410 km da Capital, o eleitor encontro amigos e bom papo durante o voto.

“É uma paz, ninguém enche o saco, votei sem fila, encontrei amigos, bati um bom papo”, contou, afirmando que o assunto abrangeu vários tópicos, menos política. “Seja onde for, você tem que exercer a democracia, seu direito de voto, depois não adianta reclamar”, comentou.

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