“Patroa do tráfico” é suspeita de ordenar assassinatos e até degolar rival
Dois homens e mulher encontrados mortos em Ponta Porã seriam da mesma quadrilha
Camila Zeballos Villa Alta, 28, a “patroa do tráfico” presa ontem (9) em Dourados (a 233 km de Campo Grande), é investigada pela polícia como suspeita de ter ordenado as execuções de dois homens e uma mulher ocorridas na semana passada em Ponta Porã, cidade a 323 km da Capital, na fronteira com o Paraguai.
A reportagem apurou que a própria Camila teria degolado Wathylla Pereira Soares, 26. Natural de Araguaína (TO), onde havia matado um homem por causa da ex-namorada, e até o ano passado morando em Várzea Grande (MT) – onde baleou um PM durante assalto – Wathylla foi encontrado morto no final da tarde de quarta-feira (3).
O corpo foi deixado em uma rua de terra na região do Jardim Monte Alto, próximo à MS-164 e a poucos metros da linha internacional que separa o município de Ponta Porã do Paraguai.
No dia seguinte, a cem metros do local onde Wathylla foi degolado, foram encontrados os corpos de Adeilton Rocha dos Santos, 52, natural de Flexeiras (AL), e de Maria Carolina Alves Pulquerio, 18, natural de Anápolis (GO). Os dois foram executados com tiros de pistola 9 milímetros.
De imediato a polícia suspeitou de ligação entre os três mortos. O celular de Carolina e o cartão de uma conta digital dela tinham sido encontrados com Wathylla.
Conforme fontes policiais ouvidas pela reportagem, Wathylla, Adeilton e Carolina faziam parte da quadrilha chefiada por Camila, mas teriam sido executados por desacertos internos. Ontem, ao ser ouvida na sede da Defron em Dourados, Camila ficou em silêncio.
Após a descoberta do depósito de sete toneladas de maconha na segunda-feira (8), em Ponta Porã, a Defron (Delegacia Especializada de Repressão a Crimes de Fronteira) prendeu cinco traficantes (um deles de 14 anos de idade) que estavam escondendo a droga em um caminhão e ontem chegaram até a patroa, Camila Zeballos Villa Alta.
Nascida no Paraguai, ela também tem identidade brasileira e foi presa no aeroporto de Dourados quando tentava fugir de avião para Salvador (BA). As duas filhas dela, de 5 e 8 anos, estavam juntas e foram entregues ao Conselho Tutelar. Ontem, familiares da mulher vieram a Dourados buscar as meninas.
O Campo Grande News apurou que Camila comanda a rota de maconha e pasta-base de cocaína de Ponta Porã para São Paulo, Minas Gerais e Bahia junto com o marido.
Identificado até agora apenas como Maurício, o bandido seria integrante da facção “Bonde do Maluco”, uma das principais quadrilhas do chamado “Novo Cangaço”, responsável por assaltos a agências bancárias e carros-fortes em vários estados brasileiros.
Em dezembro de 2019, o fundador do Bonde do Maluco, José Francisco Lumes, o “Zé de Lessa”, foi morto em confronto com policiais de Mato Grosso do Sul após tentativa fracassada de assaltar carro-forte em Amambai.