“Pequeno esforço pela vida”, diz primeiro vacinado em fila de 4 quilômetros
Marcelo Martins Cunha chegou meia-noite ao drive-thru para receber dose contra covid-19
O servidor público federal Marcelo Martins Cunha, 45, chegou à meia-noite de ontem (18) ao drive-thru do Pavilhão de Eventos de Dourados (cidade a 233 km de Campo Grande) para esperar sua vez de tomar a vacina contra a covid-19. Foi o primeiro da fila.
Marcelo chegou ao local oito horas antes do início da imunização, marcada para 8h. A precaução se mostrou necessária. A liberação de mil doses para pessoas de 45 anos acima anunciada ontem pela prefeitura provocou correria pela vacina.
A fila de carros chegou a pelo menos quatro quilômetros, do Pavilhão de Eventos na Rua Coronel Ponciano até a BR-163, nas proximidades do pesqueiro Kanoa. Foi preciso a PRF (Polícia Rodoviária Federal) e a Guarda Municipal mandarem equipes para controlar o trânsito.
Às 6h30, a prefeitura interrompeu a fila porque as doses não seriam suficientes. Às 9h45 a Secretaria Municipal de Saúde anunciou que todos que estavam na fila serão vacinados ainda hoje, mesmo que o número ultrapasse as mil doses liberadas.
“Quem estava na fila já está com a vacina garantida, independente de passar da cota de 1.000 doses. As pessoas podem ficar tranquilas”, afirmou o responsável pela imunização em Dourados, Edvan Marcelo Marques. A prefeitura também anunciou que à tarde vai disponibilizar mais 500 doses para serem aplicadas ainda neste sábado.
Fé na ciência - “Ser vacinado é demonstração singela de fé na ciência, na saúde e no SUS. Pessoas buscam até outros países para receber a vacina e ela aqui próxima de nós, de graça, não teria como deixar passar essa oportunidade, para preservar a vida. Sou grato por ter sido vacinado”, afirmou Marcelo ao Campo Grande News.
Ele disse que ter chegado ao local de vacinação meia-noite é esforço pequeno. “Tem quem faça isso para participar de show, de promoção de loja, para mim foi tranquilo. Todos deveriam se esforçar mais pela vacina”.
O servidor citou como ponto negativo o questionamento – que ele chamou de “sem noção” – de pessoas que esperavam na fila sobre a marca da vacina que estava sendo aplicada.
“Fiquei desapontado de ouvir pessoas querendo saber qual seria a vacina, como se pudessem escolher entre uma e outra. A polarização política, essa história que vira jacaré, acabou incutindo nas pessoas esse receio de tomar vacina”, afirmou. “Eu não quis nem perguntar antes de ser vacinado ou depois, qual era a vacina. Me constrangeria fazer tal indagação aos profissionais de saúde”.