Pilotos da fronteira fizeram 150 voos com cocaína boliviana, diz Senad
Viagens ocorreram em um ano e foram feitas por pilotos que estão presos em Pedro Juan; maior parte da droga veio para o Brasil
No intervalo de um ano, seis pilotos paraguaios fizeram pelo menos 150 voos de Pedro Juan Caballero à Bolívia, para trazer cocaína produzida nos Andes até a fronteira com o Mato Grosso do Sul, de onde a droga foi enviada para o Brasil e até para a Europa. As investigações começaram em 2014 e já chegaram a dois juízes daquele país, suspeitos de tentar liberar os aviões apreendidos.
A força-tarefa contra a rota Bolívia-Pedro Juan Caballero é coordenada pela Senad (Secretaria Nacional Antidrogas) e pelo Ministério Público do Paraguai.
Os pilotos e empresários investigados são de nacionalidade paraguaia, mas os policiais afirmam que eles apenas trabalham para os grandes grupos criminosos que dominam a fronteira, todos liderados por brasileiros.
Segundo a Senad, o Aeroporto Augusto Roberto Fúster, em Pedro Juan Caballero, foi transformado na principal base de operações da quadrilha de narcopilotos.
Funcionários da Dinac (Direção Nacional de Aeronáutica Civil) são investigados por forjar planos de voo para esconder as ações criminosas das aeronaves.
De acordo com o jornal ABC Color, um dos principais alvos das investigações é a empresa San Jorge, criada em 29 de agosto de 2014 por Ulisses Cardozo, David Esteban Martínez Navarro e Hadson Costa dos Santos. Ulisses e David foram presos e Hadson, que tem nacionalidade brasileira, é considerado foragido.
Os dois paraguaios e os pilotos Rubén Darío González Espinoza, Enrique Sarubbi Flores e Francisco Alejandro Sarubbi Duarte são processados por associação criminosa, tráfico de drogas e lavagem de dinheiro.
Ao longo das investigações foram apreendidas 22 aeronaves, todas compradas nos Estados Unidos e registradas em nome de “laranjas”.
Como resultado do trabalho da Senad, os juízes paraguaios Gricelda Caballero e Tadeo Fernández são investigados pela Suprema Corte daquele país por suspeita de ligação com narcotraficantes. Eles chegaram a determinar a liberação dos aviões, com a alegação de que tinham sido apreendidos apenas por problema na documentação.