Presos pela PF visitavam Pavão na cadeia para negociar compra de droga
Traficantes aparecem no controle de visitas do presídio de Tacumbú, onde Pavão ficou preso até julho do ano passado; policia investiga se reuniões continuaram após brasileiro ser transferido para quartel
O traficantes presos ontem (29) na Operação Coroa, desencadeada pela Polícia Federal em Ponta Porã (MS) e Caxias do Sul (RS), negociavam a compra de cocaína e maconha em encontros frequentes com o narcotraficante sul-mato-grossense Jarvis Gimenes Pavão.
As negociações aconteciam na sala de reuniões que Pavão mantinha no presídio de Tacumbú, em Assunção, capital do Paraguai, onde o brasileiro ficou quase sete anos preso e vivia em um espaço luxuoso, construído por ele dentro da cadeia.
Apesar de a PF não ter revelado os nomes dos seis presos na Operação Coroa, policiais paraguaios informaram que alguns dos acusados aparecem na lista de pessoas que frequentemente visitavam Pavão no presídio de Tacumbú.
A polícia paraguaia agora vai investigar se as negociações continuaram após o narcotraficante ser transferido, em julho do ano passado, para uma cela no quartel da Agrupação Especializada, um grupo de elite da Polícia Nacional do Paraguai.
Pavão foi levado para a sede do grupo de elite por ordem direta do presidente Horácio Cartes, após o governo descobrir um plano de fuga que incluía explodir a muralha do presídio com dinamite. Só depois da transferência foi descoberta a cela de luxo onde ele cumpria pena.
Há um mês, o serviço de inteligência da Polícia Nacional descobriu outro plano para resgatar Pavão antes de dezembro deste ano, quando ele deve ser extraditado para o Brasil.
Dessa vez o plano incluiria o uso de um helicóptero e ataque armado por terra. A segurança no quartel foi reforçada com atiradores de elite das Forças Armadas nas guaritas e telhado do quartel.
Operação Coroa - Quatro pessoas ligadas a Jarvis Pavão foram presas ontem em Ponta Porã. Outras duas foram presas no RS e o mandado de prisão de Pavão deve ser cumprido quando ele for extraditado.
Os sete mandados de prisão e cinco de busca e apreensão foram expedidos pela Justiça Federal no Rio Grande do Sul. A PF informou que foram bloqueadas contas bancárias de seis investigados e apreendidos 13 veículos, entre automóveis e caminhões.
As investigações mostraram que a organização criminosa comprava cocaína diretamente de Jarvis Pavão, que mesmo na cadeia continua chefiando a remessa de droga para o Brasil. A droga vinda da Bolívia – o Paraguai não possui coca, a planta usada para produzir cocaína – ingressava no Brasil por Ponta Porã para ser comercializada na Serra Gaúcha.
Durante as investigações, iniciadas em março, foram apreendidas 4,6 toneladas de drogas (cocaína e maconha) em ações nas cidades de Veranópolis( RS), Maringá (PR) e Campo Grande (MS). Dois caminhões e um carro utilizados no transporte também foram apreendidos e três homens presos em flagrante. O lucro obtido a cada carga de cocaína chega a meio milhão de reais.