Preso no Paraguai, Pavão é suspeito de fornecer cocaína para grupo alvo da PF
Pavão já foi alvo de quatro operações da Polícia Federal: Matriz, Panóptico, Suçuarana e Argus
Alvo de quatro operações da PF (Polícia Federal), o narcotraficante sul-mato-grossense Jarvis Gimenez Pavão, 49 anos, atualmente preso no Paraguai, é apontado como fornecedor de cocaína para quadrilha investigada na operação Coroa, deflagrada nesta terça-feira (dia 29). São cumpridos mandados de prisão em Ponta Porã, na fronteira com o Paraguai, Caxias do Sul (Rio Grande do Sul) e Assunção (Paraguai).
A investigação identificou que a organização criminosa adquiria cocaína diretamente de um narcotraficante brasileiro que está preso no Paraguai. A droga ingressava no Brasil por Ponta Porã para ser comercializada na Serra Gaúcha. Pavão já foi alvo de quatro operações: Matriz, Panóptico, Suçuarana e Argus. E há três processos para sua extradição em tramitação.
Apontado como um dos maiores criminosos em atuação no país vizinho e acusado de se associar à facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital) para eliminar o ex-sócio Jorge Rafaat Toumani – morto a tiros de metralhadora, numa ação cinematográfica em junho do ano passado – Pavão assumiu, mesmo da cadeia, o controle do tráfico de drogas e armas do Paraguai para o Brasil.
Conforme a Polícia Federal, a operação de hoje também tenta diminuir a violência na fronteira Brasil e Paraguai, fruto da disputa entre facções pelo controle do tráfico de drogas.
Poderoso Pavão – No pedido de extradição apresentado em março deste ano, o juiz Rafael Farinatti Aymone afirma que Jarvis Pavão é réu junto com outras 44 pessoas em um processo por tráfico internacional de drogas, associação para o tráfico, e homicídio qualificado.
O juiz brasileiro informou no documento enviado à Justiça paraguaia que os denunciados, entre eles Pavão, se associaram para formar seis grupos para a prática de tráfico de drogas e nos anos de 2009 a 2010 importaram e distribuíram cocaína no Rio Grande do Sul.
Iniciada em maio de 2009 e concluída em novembro de 2011, a investigação, que incluiu interceptações telefônicas, comprovou que Jarvis Pavão, inicialmente em liberdade e depois preso no Paraguai, liderou a organização criminosa, de forma direta e através de ordens repassadas a seu braço direito.
Além de processos no Rio Grande do Sul, Jarvis Pavão já está condenado a 17 anos de prisão em Santa Catarina, onde comandou o tráfico na região de Balneário Camboriú antes de se esconder no Paraguai. Mesmo fora do país, continuou enviando cocaína para o estado catarinense.
Extradição – A extradição para o Brasil já está autorizada pela Justiça paraguaia. A ordem foi dada em junho deste ano pela juíza Gricelda Caballero e agora em agosto foi reafirmada pelo Tribunal de Apelações em Assunção.
Entretanto, a medida só poderá ser cumprida após o brasileiro concluir toda a pena de oito anos de prisão por lavagem de dinheiro e organização criminosa. A pena começou em 2009 e termina em dezembro deste ano.
Droga e luxo – Mesmo preso no Paraguai, Pavão continua sendo um dos principais fornecedores de maconha e cocaína para o Brasil, segundo a denúncia feita em um documento encaminhado pela Justiça do Rio Grande do Sul para a juíza paraguaia Lici Sanchez.
De acordo com o relatório, 850 quilos de cocaína e 420 quilos de maconha retidos em 12 apreensões feitas nos últimos meses tiveram Jarvis Pavão como responsável pelo envio ao território brasileiro.
Ainda segundo o documento, Pavão comandava o narcotráfico da cela luxuosa que tinha construído no presídio de Tacumbu e continua fazendo o mesmo do quartel de um grupo de elite da Polícia Nacional, para onde foi levado em julho do ano passado.
Há um mês, o governo paraguaio descobriu um plano para resgatar Pavão. A segurança no quartel onde ele está preso foi reforçada por homens das Forças Armadas paraguaias e o comando do grupo tático que cuida da escolta foi trocado.