PCC decapitou e queimou irmãs por ordem de Pavão, diz polícia paraguaia
Celular de chefe da facção criminosa, preso em junho, tinha fotos de ferramentas compradas para decapitar irmãs; brasileiro e cúmplices também posaram para foto na frente da caminhonete incendiada
O narcotraficante brasileiro Jarvis Gimenez Pavão está sendo acusado pela polícia e pelo Ministério Público do Paraguai de ter encomendado o assassinato das irmãs Adriana Aguayo Báez, 28, e Fabiana Aguayo Báez, 23.
No dia 8 de junho deste ano, elas foram sequestradas, decapitadas e queimadas na zona rural de Pedro Juan Caballero, cidade paraguaia vizinha de Ponta Porã (MS), a 323 km de Campo Grande.
As cenas macabras do crime – as cabeças das duas irmãs foram encontradas em sacos pretos a 200 metros do local onde os corpos foram incinerados – chocaram a população da fronteira, acostumada com crimes violentos.
Irmão do Pavão - Investigações feitas até agora revelam que Pavão pediu ao PCC (Primeiro Comando da Capital) para matar as irmãs por suspeitar que ao menos uma delas tinha conhecimento do assassinato do irmão dele, o comerciante Ronny Gimenez Pavão, morto por dois pistoleiros no dia 14 de março deste ano em Ponta Porã.
Os indícios ligando a facção criminosa e Jarvis Pavão ao duplo homicídio surgiram após a prisão de quatro membros do PCC em Pedro Juan Caballero, no dia 14 de junho. Pavão e o PCC são aliados há pelo menos sete anos.
Fotos – No celular do chefe do grupo, o brasileiro Rogério de Souza, 33, a Divisão de Homicídios da Polícia Nacional encontrou fotos de facões, pás, machado, motosserra e produto inflamável, comprados em Pedro Juan Caballero para serem usados na execução das irmãs.
Também foi encontrada uma foto em que Rogério de Souza e outros quatro bandidos fazem pose com fuzis automáticos nas mãos. Usando roupas camufladas, semelhantes ao uniforme do Exército brasileiro, eles aparecem na foto em frente à caminhonete Ford Ranger branca, usada para sequestrar as irmãs e queimada junto com os corpos.
A polícia paraguaia suspeita que a foto tenha sido tirada momentos antes das irmãs serem sequestradas e levadas para uma estrada, onde foram torturadas, decapitadas e queimadas.
Esquartejado – Rogério e seu bando também são acusados de ter sequestrado e esquartejado, no dia 22 de março, o pistoleiro paraguaio Américo Ramírez Chaves, 37. Partes do corpo foram jogadas em sacos pretos ao lado do aeroporto de Ponta Porã.
Américo Chavez era suspeito de ser um dos dois pistoleiros de moto que uma semana antes executaram Ronny Pavão a tiros de pistola em frente a uma academia em Ponta Porã.
Agentes da divisão de homicídios acreditam que o PCC ordenou a morte das irmãs porque elas se recusaram a revelar quem era o outro pistoleiro que estava com Américo.
Despesas com funeral – Fabiana e Adriana eram amigas de Américo e sua mulher e teriam bancado as despesas do funeral e enterro do paraguaio. Temendo por suas vidas, as duas se preparavam para fugir para o Brasil quando foram sequestradas e decapitadas.
Rogério e seus cúmplices foram indiciados pelas mortes das irmãs e pelo assassinato de Américo Chavez. Eles foram levados para Assunção, capital do Paraguai.
De acordo com policiais da fronteira, a célula do PCC chefiada por Rogério é suspeita de envolvimento no mega assalto à sede da Prosegur em Ciudad Del Este, em abril deste ano, e ao carro-forte da empresa Brinks, no dia 6 de junho, entre Caarapó e Amambai, em Mato Grosso do Sul.