Primo de Jarvis Pavão preso com arsenal em 2018 ganha liberdade
Jonathan Gimenez Grance foi condenado a 36 anos de prisão, mas TRF reduziu sentença para 11 anos
Apontado como peça importante na estrutura do crime organizado na sangrenta fronteira de Mato Grosso do Sul com o Paraguai, Jonathan Gimenez Grance, o “Cabeza”, está solto três anos e meio depois de ser preso com arsenal na companhia de 10 comparsas, em Ponta Porã, a 313 km de Campo Grande.
Primo do narcotraficante sul-mato-grossense Jarvis Gimenes Pavão (atualmente recolhido na Penitenciária Federal de Brasília), Jonathan Gimenez Grance passou quase quatro anos preso na PED (Penitenciária Estadual de Dourados), mas beneficiado por decisões da Justiça federal e estadual, está em liberdade.
Em dezembro de 2018, Jonathan e outras dez pessoas ligadas a Jarvis Pavão foram presos pela Polícia Federal com armas de grosso calibre e farta munição na Rua Calógeras, no centro de Ponta Porã. Entre os presos estava o dono da casa, o ex-vereador Chico Gimenez, tio de Jarvis Pavão e de Jonathan Grance. Gimenez foi morto a tiros de fuzil no mesmo endereço, um mês depois.
A investigação policial apontou que o grupo preparava ataque ao traficante brasileiro Sérgio Arruda Quintiliano Neto, o “Minotauro”, então o principal chefe da facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital) na fronteira do Paraguai com o Brasil.
O ataque seria retaliação a atentado praticado contra o primo de Jonathan no centro de Pedro Juan Caballero, uma semana antes. Entretanto, a reunião para preparar a investida contra Minotauro foi denunciada à PF e todos presos. Minotauro foi capturado no litoral de Santa Catarina em fevereiro de 2019.
Crimes – Jonathan Gimenez Grance foi acusado pelo Ministério Público como líder do bando que estava na reunião e denunciado por organização criminosa, tráfico internacional de arma de uso restrito, tráfico de drogas, porte ilegal de arma e adulteração de sinais identificadores de veículos.
Na primeira decisão da Justiça Federal, Jonathan foi condenado a 36 anos e 7 meses em regime fechado. A defesa recorreu ao TRF (Tribunal Regional Federal) da 3ª Região em São Paulo e conseguiu redução substancial da pena.
A 5ª Turma do Tribunal anulou as condenações de Jonathan por tráfico de drogas e organização criminosa e diminuiu a pena em relação aos outros crimes, definindo a sentença final em 11 anos e 10 meses de reclusão.
No dia 15 deste mês, o Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul concedeu habeas corpus para livrar o réu da obrigação de cumprir a pena em regime semiaberto.
Três dias depois, o juiz Devys Ecco, da 3ª Vara Criminal de Dourados, (responsável pela execução penal) concedeu livramento condicional, levando em conta que Jonathan já cumpriu um sexto da pena.
Jonathan Grance terá de se apresentar no Patronato Penitenciário de Campo Grande, cidade onde fixou residência. Para continuar solto, terá de comprovar ocupação lícita no prazo de 30 dias mediante termo de declaração firmado pelo seu empregador, não pode se ausentar da comarca, não pode usar tóxico, não pode ingerir bebidas alcoólicas e nem frequentar bares, prostíbulos ou locais de reputação duvidosa.
Prefeito – Entre os homens armados presos com Jonathan Grance em dezembro de 2018 estavam três pistoleiros acusados pela execução do prefeito de Pedro Juan Caballero, José Carlos Acevedo, ocorrida em 17 de maio deste ano.
Rodney Javier Rivarola, 29, o “Alemão”, e os irmãos Riky Javier Báez González, 25, e Alan Andrés Báez González, 23, todos de Pedro Juan Caballero, também ficaram presos em território brasileiro após o flagrante do arsenal, mas ganharam liberdade tempo depois.
“Alemão” foi preso no dia 4 deste mês em Encarnación, na fronteira com a Argentina. Os irmãos Báez e o quarto pistoleiro, Rodney Ariel Rivarola, 29, continuam sendo procurados pela polícia paraguaia.
*Matéria alterada às 9h50 de 28/07/2022 para correção do parentesco de Jonathan e Jarvis. Eles são primos.
