Produtor insiste em reintegração, mas "aceita" venda da Fazenda Esperança
Na expectativa pelo fim do prazo dado pela Justiça aos 1 mil índios que ocupam a Fazenda Esperança em Aquidauana desde o dia 30 de maio, o produtor Nilton Carvalho da Silva Filho, de 59 anos, espera que a ordem de reintegração de posse seja cumprida, apesar de concordar com a venda das terras.
No último dia 18 deste mês, o juiz Renato Toniasso da 1ª Vara da Justiça Federal em Campo Grande aceitou o pedido de reintegração de posse da área e deu prazo de 10 dias para a Funai (Fundação Nacional dos Índios) retirar os índios da fazenda.
A área batizada pelos Terena como Retomada Esperança possui duas fazendas da mesma família que somam 9 mil hectares. Nilton conta que as terras possuem registros e titulação e estão há 140 anos na família da esposa.
A ordem para os índios saírem das terras vence nesta quinta-feira (27), mas em uma assembleia geral de caciques realizada ontem (26), as lideranças decidiram ficar na propriedade e resistir mesmo se houver presença da Polícia Federal no cumprimento da reintegração.
“Eu acredito que a lei deve ser cumprida. Aquelas terras têm uma história de família e de vidas. Agora é tudo pressão e eu espero que o bom senso prevaleça”, afirma Nilton.
Uma das propostas decidida na assembleia indígena que será discutida durante a reunião marcada para a manhã de hoje com ruralistas e autoridades é a compra das terras. Os indígenas irão apresentar um calendário ao Governo Federal para que as terras sejam compradas e a indenização repassada para os proprietários.
Sobre a venda da Fazenda Esperança, Nilton diz que pela história de família a opção não seria aceita, mas a situação de invasões e insegurança praticamente os obriga a vender a propriedade.
“Pela família nós nunca venderíamos a área, mas se criou uma situação que se não vendermos, vamos acabar deixando problemas para nossos filhos”, afirma o produtor rural que atualmente vive com a família em Aquidauana.
Reunião – A reunião entre as lideranças, ruralistas, representantes da Funai, AGU (Advocacia-Geral da União), CNJ (Conselho Nacional de Justiça) e o governador André Puccinelli realizada na manhã de hoje na Governadoria irá tratar o impasse fundiário no Estado.
O produtor rural explica que produziu um relatório sobre a história da Fazenda Esperança e repassou para o presidente da Acrissul (Associação dos Criadores de Mato Grosso do Sul), Francisco Maia. O documento deve ser apresentado para as lideranças e autoridades.