Produtores contratam seguranças privados para barrar ocupações indígenas
Entidades que acompanham disputa por terra em Douradina temem mais confrontos com presença de vigilantes
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Produtores rurais contrataram seguranças privados para atuar na área em disputa com indígenas no município de Douradina. Há dez dias, a tensão impera nos arredores do território Panambi/Lagoa Rica e já houve confronto que resultou em indígena ferido com tiro na perna.
Imagens enviadas por integrantes da comunidade mostram a presença de vigilantes uniformizados no acampamento montado pelos sitiantes e fazendeiros em frente ao Sítio “José Dias Lima”, de 147,7 hectares, localizado na MS-470, rodovia que liga Douradina ao município de Itaporã.
Incluída na área de 12 mil hectares identificada em portaria da Funai em 2011, a propriedade foi ocupada no dia 14. Ontem, o juiz federal Rubens Petrucci Junior concedeu reintegração de posse às proprietárias e deu prazo de cinco dias para indígenas guaranis-kaiowás deixarem a propriedade.
Apesar da primeira reunião para tentar um acordo, realizada segunda-feira (22) no MPF (Ministério Público Federal) em Dourados, a tensão predomina. Para impedir novas ocupações, produtores rurais também acamparam no local e montaram cerco com caminhonetes.
Os indígenas afirmam que a manobra tem objetivo de intimidar a comunidade e denunciam que durante a noite os produtores mantêm as caminhonetes ligadas com as luzes acesas, como se fossem investir contra o acampamento.
Entidades que acompanham a luta dos guaranis-kaiowás pela demarcação de seus territórios manifestam preocupação com a presença de seguranças armados. Em episódios passados, esse tipo de vigilância terminou em confronto e mortes.
Representantes dos produtores ainda não se manifestaram. A assessoria do deputado federal Rodolfo Nogueira (PL-MS) foi procurada, mas ainda não se pronunciou. No domingo (21), o parlamentar esteve na área e no dia seguinte liderou protesto dos sitiantes em frente ao MPF.
Outro agravante é a ordem da Justiça para reintegração. Na decisão de ontem, o magistrado federal mandou requisitar do governador Eduardo Riedel a mobilização de efetivo da Polícia Militar para, com auxílio da Polícia Federal, garantir o despejo em caso de descumprimento da ordem por parte da comunidade indígena. O prazo para os indígenas saírem pacificamente é de cinco dias após a comunidade receber a intimação.
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