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Interior

Retomada de terra em Sidrolândia já tem mais de 2 mil índios terena

Paula Maciulevicius | 16/05/2011 18:11

Oito aldeias da região estão na fazenda e tem dado aulas para as crianças indígenas

Com mais de 2 mil índios luta por retomada de terra segue organizada e de forma pacífica. (Foto: João Garrigó)
Com mais de 2 mil índios luta por retomada de terra segue organizada e de forma pacífica. (Foto: João Garrigó)

Os índios terena acampados na Fazenda 3R, desde o último dia 10, já chegam a mais de dois mil. Além dos indígenas da aldeia Buriti estão no local também moradors das aldeias Água Azul, Barreirinho, Olho d’Água, Oliveira, Recanto, Córrego do Meio e Lagoinha.

Uma equipe da coordenadoria regional da Funai (Fundação Nacional do Índio) esteve no local hoje e afirmou ao Campo Grande News que os índios estão tranqüilos e garantem que não vão ocupar nenhuma outra área.

Segundo o chefe de monitoramento ambiental e territorial da Funai em Campo Grande, Ricardo Araújo, os acampados aguardam a decisão da Justiça pacificamente e pela reunião pré-agendada entre os dias 30 de maio e 3 de junho na diretoria de assuntos fundiários, na Funai, em Brasília.

A Funai ainda afirma que um grupo de trabalho deve vir de Brasília ara fazer o pagamento das benfeitorias nas terras aos produtores rurais. O órgão precisa concluir os procedimentos administrativos para pagar as indenizações com valores atualizados.

De acordo com Ricardo, os índios estão bem organizados, tanto que as crianças das aldeias continuam tendo aula no acampamento.

“Eles tomaram esse tipo de iniciativa desesperada porque é uma questão de sobrevivência. Os próprios fatos comprovam isso”, comenta Ricardo. Os indígenas da região chegam a 6 mil pessoas para uma área de 2 mil hectares.

“A luta é pelo que é de direito deles, a comunidade vem sofrendo sem espaço para criar, plantar, por isso tomaram essa iniciativa. Para eles terem chegado a esse ponto é porque a situação está difícil”, completa.

Disputa longa – A terra indígena Buriti, correspondente a 17 mil hectares, é reivindicada há décadas, mas só foi identificada pela Funai em 02 de agosto de 2001. Após a publicação do relatório de identificação, fazendeiros da região pedira na Justiça que fosse declarada a nulidade da identificação antropológica.

Somente após nove anos de espera, com a decisão do Tribunal Regional Federal da 3ª Região, de São Paulo, reconhecendo os direitos territoriais dos terena, foi publicada a portaria declaratória nº 3.079/2010 com os limites da terra indígena Buriti, pelo Ministério da Justiça.

De lá para cá, foram diversas movimentações do povo Terena de Buriti pedindo rapidez no julgamento dos processos e a conclusão das demarcações, sendo que em Outubro de 2009, houve uma grande mobilização de retomada de terras.

No mês seguinte, os terena acabaram sendo violentamente expulsos por ação da Polícia Militar do Estado em conjunto com fazendeiros incidentes na região, sem que houvesse ordem judicial para isso.

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