Réu nega participação na morte de policiais em 2º dia de julgamento
Caso ficou conhecido como “Chacina de Porto Cambira”; dois indígenas são julgados em São Paulo
Terminou há pouco o segundo dia de julgamento dos indígenas Valmir Júnior Savala, de 36 anos, e Sandra Arévalo Savala, 40 de idade, acusados pela morte dos policiais civis Ronilson Magalhães Bartie e Rodrigo Lorenzatto, além da tentativa de homicídio contra o também policial Emerson José Gadani.
Nesta terça-feira (27) foram ouvidas as testemunhas de defesa, entre elas o antropólogo Jorge Eremites Fernandes. O dia foi encerrado com o depoimento do réu. Ao lado do intérprete, Valmir negou participação nos crimes, contrariando depoimento dele na fase de inquérito, quando admitiu ter participado da sessão de espancamento dos policiais, e inclusive, confessou ter batido em um deles com pedaço de pau.
Sandra, no entanto, será interrogada pela manhã de quarta (28) e em seguida ao depoimento dela, começará o debate entre acusação e defesa.
Os crimes ficaram conhecidos como “Chacina de Porto Cambira” e ocorreram no dia 1º de abril de 2006, no município de Dourados. O júri popular ocorre no TRF (Tribunal Regional Federal) da 3ª Região, em São Paulo, e deve terminar apenas na sexta-feira (1º).
Valmir e Sandra responderam ao processo em liberdade e só agora, quase 18 anos depois, estão sendo julgados. No dia 7 de junho de 2019, Ezequiel Valensuela, Jair Aquino Fernandes, Lindomar Brites de Oliveira e Paulino Lopes foram condenados pelos crimes. A pena somada ultrapassou 100 anos de prisão. O cacique Carlito de Oliveira foi absolvido no mesmo júri.
Ezequiel teve a maior pena: 34 anos e 5 meses de prisão pelos crimes de duplo homicídio e tentativa de homicídio. Jair foi sentenciado a 26 anos e 8 meses pelos mesmos crimes. Lindomar foi condenado a 19 anos e 2 meses e Paulino a 20 anos e 3 meses, por duplo homicídio. Ambos foram absolvidos da acusação de tentativa de homicídio. Apesar das penas elevadas, todos puderam recorrer em liberdade.
Entenda o caso - Três policiais civis foram atacados pelos indígenas no Acampamento Passo Pirajú, perto do Porto Cambira, região sul do município de Dourados. A Polícia Civil alegou na época que os agentes estavam à procura de homem acusado de matar um pastor evangélico dias antes na cidade e que teria se escondido no acampamento indígena.
Já os indígenas afirmaram que os policiais foram ao local para ameaçá-los, já que estavam em uma área invadida, e alegam terem agindo e legítima defesa. As terras onde ocorreram as mortes seguem sob ocupação indígena.
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