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Interior

Reunião teve guardas, PMs e policiais federais armados em prédio da UFGD

Conselho Universitário não reconhece reitora temporária e cobra do MEC nomeação de primeiro colocado na lista tríplice

Helio de Freitas, de Dourados | 26/09/2019 15:13
Guardas municipais armados no prédio da reitoria; professores e estudantes protestam contra reitora por chamar polícia para acompanhar reunião do Conselho Universitário (Foto: Direto das Ruas)
Guardas municipais armados no prédio da reitoria; professores e estudantes protestam contra reitora por chamar polícia para acompanhar reunião do Conselho Universitário (Foto: Direto das Ruas)

Sem a presença da reitora temporária Mirlene Damázio e com muita tensão devido à presença de guardas municipais, policiais militares e até policiais federais armados no prédio da instituição, o Couni (Conselho Universitário) da UFGD encerrou a 97ª reunião ordinária, realizada nesta quinta-feira (26) em Dourados, a 233 km de Campo Grande.

Mesmo com a nota oficial de Mirlene – que é presidente do conselho – informando que a reunião tinha sido adiada para o dia 4 de outubro por falta de segurança e devido à “invasão” do local, os conselheiros presentes decidiram manter o ato.

Todos os temas da pauta foram discutidos e votados. O Couni é formado por 43 representantes da comunidade acadêmica e da comunidade não universitária. É superior até mesmo à reitoria da Instituição.

Além de guardas municipais que entraram no prédio antes da abertura da reunião e saíram após protestos de servidores e estudantes, um delegado da Polícia Federal e pelo menos sete agentes armados também estiveram na unidade, localizada na Rua João Rosa Góes, na Vila Progresso, região central da cidade. Policiais militares também foram ao local, mas ficaram do lado de fora. Quando a equipe da PF chegou, alguns entraram para acompanhar o delegado federal.

Delegado da Polícia Federal (camisa clara) conversa com representantes da OAB e professores (Foto: Direto das Ruas)
Delegado da Polícia Federal (camisa clara) conversa com representantes da OAB e professores (Foto: Direto das Ruas)

Ao Campo Grande News, a assessoria de imprensa da Superintendência da PF confirmou que uma equipe de policiais federais foi ao local, mas tudo foi resolvido “sem confusão”.

“Alguns policiais estavam hostis porque os estudantes estavam gravando a presença deles com o celular. Ninguém entendeu qual o motivo daquilo, guardas municipais armados dentro de um prédio federal”, afirmou servidor ouvido pela reportagem.

Membros da comunidade acadêmica relataram que foi preciso chamar representantes da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) para acompanhar a situação. O conselheiro federal da Ordem Wander Medeiros foi ao local e participou da reunião. Depois de conversar com professores e com a reitora no gabinete dela, a equipe da PF deixou o prédio.

“Mesmo com o policiamento, os conselheiros continuaram a reunião. Docentes, técnicos e advogados que estavam na universidade explicaram a situação e o delegado se retirou”, afirmou um dos servidores à reportagem.

Não reconhece reitora – No final da reunião, o Conselho emitiu nota em que afirma não reconhecer Mirlene Damázio como reitora da Universidade, “tendo em vista que a lista tríplice da eleição para a reitoria está válida juridicamente”.

O Couni afirma que a manutenção da professora como reitora pró-tempore “não respeita a escolha democrática da comunidade acadêmica” e que a decisão do MEC foi tomada sem diálogo com estudantes, professores e técnicos.

“Como órgão máximo de uma instituição de educação, o Couni não poderia deixar de expressar que essa indicação representa, também, oposição às premissas basilares de uma instituição educacional comprometida com o processo formativo, crítico e inclusivo, que valorize a diversidade e a pluralidade e que, dessa forma, fomente a construção de uma sociedade, efetivamente, democrática”, diz a nota.

Lista tríplice – Por sugestão de um dos conselheiros, o Couni aprovou o envio de ofício ao Ministério da Educação cobrando a nomeação do professor Etienne Biasotto como reitor.

Ele venceu a eleição interna feita em março e encabeçou a lista tríplice enviada ao MEC. O MPF (Ministério Público Federal) entrou com ação questionando a lista, já que os outros dois indicados não tinham participado da eleição interna.

No dia 10 de junho, alegando que a lista tríplice estava na Justiça Federal, o ministro da Educação Abraham Weintraub nomeou Mirlene Damázio como reitora temporária. Desde então ela enfrenta protestos de servidores e estudantes, que a chamam de “interventora”.

Durante a reunião de hoje, um dos conselheiros afirmou que a demanda jurídica alegada pelo MEC foi resolvida, já que no dia 13 de agosto, o juiz Moisés Anderson Costa Rodrigues da Silva, da 1ª Vara Federal em Dourados, julgou improcedente a ação do MPF contra a lista tríplice. Foi aprovado então pelo Couni o envio de ofício ao Ministério da Educação cobrando a nomeação de Etienne Biasotto.

Professores ouvidos pela reportagem afirmam que a reunião desta quinta-feira também deve parar na Justiça, já que a reitora temporária deve tentar invalidar o ato oficial. “Ela [reitora e presidente do conselho] convocou e não foi. Os conselheiros seguiram o regimento”, afirmou o servidor.

Professor e estudantes conversam com guardas e policiais militares fora do prédio da reitoria (Foto: Direto das Ruas)
Professor e estudantes conversam com guardas e policiais militares fora do prédio da reitoria (Foto: Direto das Ruas)
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