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Interior

Secretário afirma que invasão tinha grande risco de confrontos

Antonio Carlos Videira pontuou que invasão indicava confronto entre produtores e indígenas, em Rio Brilhante

Gustavo Bonotto e Helio de Freitas, de Dourados | 03/03/2023 20:23
Viaturas da Polícia Militar próximas à sede da Fazenda Do Inho, reocupada nesta sexta-feira (3). (Foto: Direto das Ruas)
Viaturas da Polícia Militar próximas à sede da Fazenda Do Inho, reocupada nesta sexta-feira (3). (Foto: Direto das Ruas)

Após o despejo de indígenas em Rio Brilhante, a 161 quilômetros de Campo Grande, o secretário da Sejusp (Secretária de Estado de Justiça e Segurança Pública), Antonio Carlos Videira, informou ao Campo Grande News que a pasta tinha informações que indicavam confronto durante invasão na tarde desta sexta-feira (3).

Na ação, três indígenas foram retirados à força por policiais locais com apoio de equipes de Maracaju e Dourados, presos e levados para a DP (Delegacia de Polícia) após invasão na Fazenda do Inho.

"A exemplo da invasão anterior na mesma propriedade, acampados sem terra pretendiam invadir a área para pressionar a criação ali de um assentamento, cuja desapropriação geraria indenização ao produtor, porém como a área também é desejada pelos indígenas que estão ao lado, esses resolveram invadir antes", pontuou o secretário.

A organização Aty Guasu (Grande Assembleia do Povo Kaiowa e Guarani) informou que o cacique Adalto Barbosa, a professora Clara Barbosa e um jovem identificado como Lucas, de 18 anos, foram algemados e levados no camburão da Polícia Militar.

Videira explicou que segundo os documentos de Inteligência, havia grande risco de confronto entre os três grupos. "Um grupo de produtores se organizavam para defender a propriedade e não deixar ocorrer a invasão ou expulsar os invasores. Os indígenas de madrugada realmente invadiram a propriedade e o proprietário acionou a polícia registrando ocorrência e pedindo providências".

O caso - O assessor jurídico do Cimi (Conselho Indigenista Missionário) Anderson Santos visitou os indígenas na delegacia: "Estão todos bem, sem problema algum, estive conversando com eles para orientá-los e verificar a situação em que se encontram. Agora vamos aguardar o procedimento para buscar a liberdade de todos".

"A Polícia Militar de Mato Grosso do Sul foi até o local e restabeleceu a ordem e evitou que houvesse confronto entre índios, sem terras e produtores. Os invasores serão autuados e será arbitrado fiança aos três se não houver impedimento legal", concluiu Videira.

A reportagem apurou que os indígenas foram presos em flagrante por esbulho possessório (invasão de propriedade particular), desobediência e resistência. Adalto e Clara são casados. Policiais que participaram do despejo relatam que os indígenas resistiram atirando flechas contra as viaturas.

Mais cedo, o assessor de comunicação da Polícia Militar tinha informado ao Campo Grande News que as equipes estavam no local apenas para evitar conflitos. Esta é a segunda vez em um ano que os indígenas ocupam a Fazenda do Inho e são despejados pela polícia. Em 27 de fevereiro do ano passado, o grupo foi retirado à força pelo Batalhão de Choque, mesmo sem ordem judicial.

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