Sem novidades, polícia segue com depoimentos sobre morte de jornalista
“Até agora, não há nada do que já não tivéssemos informação”, afirma delegado
O depoimento de quatro pessoas, ouvidas ontem pela Polícia Civil de Ponta Porã, não trouxe novidades para a investigação sobre a execução do jornalista Paulo Rocaro, de 51 anos. Nesta quarta-feira, o delegado Odorico de Ribeiro de Mendonça Mesquita, prossegue com as oitivas.
“Até agora, não há nada do que já não tivéssemos informação”, afirma. O delegado está identificando os números de telefone utilizados por Paulo e vai pedir a quebra do sigilo telefônico. Ele também está à espera das imagens de três câmeras de segurança.
Estão sendo ouvidos familiares do jornalista, colega de trabalhos e pessoas que estavam com Paulo antes do crime. Ele foi baleado no domingo à noite, na avenida Brasil. Rocaro conduzia um Fiat Idea. O jornalista retornava da casa do ex-prefeito de Ponta Porã, Vagner Piantoni (PT), de quem era amigo. Ele morreu na madrugada de segunda-feira, no hospital.
De certo, conforme o delegado, estão as características de crime de pistolagem, ou seja, alguém foi contratado para dar fim à vida do jornalista.
Do lado de lá da fronteira - O delegado também quer ouvir o jornalista paraguaio Cándido Figueredo, do jornal ABC Color. Em janeiro deste ano, conforme noticiou o jornal em que Cândido trabalha, ele foi informado por agentes do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado), de que traficantes de drogas que atuam na região da fronteira entre Brasil e Paraguai planejavam matá-lo.
“Há possibilidade de que [o crime] tenha ligação com as ameaças que ele sofreu”, afirma o delegado. Segundo Odorico Mesquita, o jornalista poderá ir de forma espontânea à delegacia do lado brasileiro ou ser ouvido no consulado em Pedro Juan Caballero, cidade na fronteira com Ponta Porã.
O Gaeco negou que o grupo tenha obtido tais gravações e repassado as informações ao jornalista paraguaio.
Paulo Rocaro era editor-chefe do Jornal da Praça e diretor do site Mercosul News. Em 2002, o jornalista publicou o livro “A Tempestade – Quando o crime assume a lei para manter a ordem”. A obra fala de pistolagem e da conivência policial num território dominado pelo tráfico.