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Interior

Suspeitos de espancarem indígena até a morte são soltos com tornozeleira

Crime aconteceu na madrugada do dia 9 de julho e quatro homens foram presos em flagrante

Ana Paula Chuva | 17/08/2023 14:35
Fachada do Fórum de Miranda onde os quatro homens passaram por audiência (Foto: Divulgação | TJMS)
Fachada do Fórum de Miranda onde os quatro homens passaram por audiência (Foto: Divulgação | TJMS)

Os quatro homens envolvidos na morte do indígena Romário Pires, 31 anos, foram liberados com uso de tornozeleira eletrônica. A decisão é do juiz substituto Alexsandro Motta, da 1ª Vara de Miranda, cidade a 208 quilômetros de Campo Grande. O crime aconteceu na madrugada do dia 9 de julho na saída de uma festa em Bodoquena.

David Mendes Valença, Gian Carlos Rios Ajala, Denilson Silveira dos Santos e David Borges dos Santos foram presos em flagrante pelo crime e tiveram a preventiva decretada no dia 12 de julho. A decisão foi assinada pelo juiz Alysson Kneip Duque, que entendeu que havia elementos suficientes de que os homens não teriam prestado socorro à vítima e continuaram as agressões.

Romário foi espancado até a morte na saída de uma festa no espaço da Federação dos Trabalhadores em Educação de Mato Grosso do Sul. Os agressores foram identificados e presos em Bonito, em seguida, levados para a Delegacia de Bodoquena.

A decisão de liberar os quatro foi publicada no dia 27 de julho. Segundo o magistrado, os homens devem ser monitorados por tornozeleira eletrônica, comparecer perante as autoridades sempre que forem intimados e não saírem da cidade sem autorização prévia.

Também ficou determinado para os quatro o recolhimento noturno e o comparecimento em juízo no dia 10 de cada mês para comprovar trabalho lícito e endereço. A determinação atende pedido do MPMS (Ministério Publico de Mato Grosso do Sul) por conta do excesso de prazo para conclusão do inquérito policial, já que eram necessárias outras diligências.

“Ultrapassados 16 dias da prisão dos indiciados, verifica-se que há excesso de prazo, eis que não houve conclusão do procedimento investigativo inquisitorial e o MPE sustenta que ainda depende de outras diligências, o que impõe o relaxamento da prisão”, relata o magistrado que determinou a expedição do alvará de soltura dos quatro.

Relembre o caso - Conforme o boletim de ocorrência, Romário participava de uma festa no espaço da Fetems (Federação dos Trabalhadores em Educação de Mato Grosso do Sul), junto com dois primos, que contaram à polícia que um grupo de seis pessoas surpreendeu o trio e deu início às agressões. Romário acabou não resistindo aos ferimentos e morreu ainda no local. O corpo estava caído em frente a uma igreja na Avenida Antônio Pedro de Lima.

Ainda no domingo, foram presos Denilson Silveira Santos e Gian Carlos Rios Ajala. Eles foram encontrados também em Bonito e levados para a Delegacia de Bodoquena. Um deles identificou os outros envolvidos: David Mendes Valença e David Borges dos Santos, ambos detidos na mesma cidade. No espaço, acontecia a festa.

O pai das aniversariantes contou que os indígenas passavam pelo local e tentaram entrar no recinto. Ele então disse que a festa havia acabado e o trio teria ficado muito irritado, momento em que Romário teria dito que daria um tiro na cara do homem. Alguns participantes da festa então saíram e teve início a briga generalizada.

O homem afirmou que tentou controlar a situação, mas não conseguiu. Ele também não soube dizer quem teria acertado Romário na cabeça, mas afirmou que ninguém estava com arma de fogo ou faca no local. Como a vítima ainda se mexia, eles imaginaram que Romário não se levantou por estar muito bêbado.

Então, fecharam o imóvel e foram embora. No caminho, teriam visto os dois primos de Romário voltando ao local com um pedaço de pau e foram abordados pelas polícias Civil e Militar. O caso foi registrado como homicídio qualificado por motivo fútil. Romário teria sido morto a socos e chutes. Os quatro envolvidos confirmaram a versão de briga generalizada e afirmaram que a vítima ainda estava viva quando foram embora.

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