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Interior

Veja o que mudou na vida do cunhado, nos 11 anos após morte de Marielly

Ele foi preso por tentar matar a esposa e liberto após erro da Justiça

Izabela Cavalcanti | 15/09/2022 13:22
Hugleice sendo preso após tentar matar a esposa a facadas (Foto: reprodução / Alto Taquari em Pauta)
Hugleice sendo preso após tentar matar a esposa a facadas (Foto: reprodução / Alto Taquari em Pauta)

Durante 11 anos da morte de Marielly Rodrigues, que na época tinha 19 anos, o cunhado Hugleice da Silva já foi preso por esfaquear a própria mulher e até liberto da prisão por engano.

O primeiro caso em que ele foi incriminado, é o da jovem encontrada morta em um canavial de Sidrolândia, após aborto malsucedido naquele ano, a pedido de Hugleice, com a ajuda do técnico em enfermagem Jodimar Ximenes. Hoje, 15 de setembro, 11 anos depois da morte de Marielly, eles estão sendo julgados.

O criminoso era casado com a irmã mais velha da vítima, e mesmo assim, os dois mantiveram um relacionamento amoroso. Eles moravam no Jardim Petrópolis, em Campo Grande. Marielly desapareceu no dia 21 de maio de 2011 e só foi encontrada no dia 11 de junho, do mesmo ano. Durante todo esse tempo, o homem negou participação.

Durante as investigações, a polícia começou a desconfiar do comportamento dele, que sempre aparentava nervosismo. Com a quebra de sigilo telefônico, a polícia encontrou ligações entre os dois e mapeou o caminho seguido por Marielly até o município.

Conforme declarações à Polícia Civil, o técnico de enfermagem teria recebido R$ 500 para fazer o aborto.

Primeira prisão – No dia 12 de julho de 2011, Hugleice teve a prisão temporária decretada, e no dia 14 se entregou, posteriormente confessando à polícia que intermediou o aborto que matou a garota e que levou o corpo da jovem até o local onde foi encontrado.

No depoimento, ele disse que ficou esperando pela cunhada do lado de fora da casa do técnico em enfermagem.

No dia 3 de agosto daquele ano, o delegado Fabiano Nagata, encerrou o inquérito sobre o caso e indiciou os dois por aborto e ocultação de cadáver. No dia 4 foi pedido prisão preventiva do cunhado e do técnico.

Liberdade - A defesa pediu habeas corpus em caráter liminar para os dois, mas no dia 18 de agosto, o Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul negou. No outro dia, por unanimidade, os desembargadores da 1ª Turma Criminal do Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul mandaram soltar os criminosos.

De acordo com o advogado de Hugleice, José Roberto Rodrigues da Rosa, os desembargadores acataram as alegações da defesa, que são: primariedade, bons antecedentes e colaboração com as investigações, pois se apresentou à Polícia e confessou a participação no caso.

No dia 20 de setembro, Hugleice já tinha deixado o Instituto Penal de Campo Grande. Enquanto o técnico continuou preso, sendo liberto somente em abril de 2012, após habeas corpus concedido.

Esposa esfaqueada – Após 7 anos, Hugleice voltou a ficar na mira da polícia, sendo suspeito de esfaquear e amarrar, no dia 18 de novembro de 2018, a irmã de Marielly, Mayara Barbosa. Nesta época, o casal estava morando em Rondonópolis (MT). A informação era de que ele havia visto foto e troca de mensagens de Mayra com outro homem.

A vítima conseguiu se desamarrar e pediu ajuda. Ela foi socorrida pelo Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) para o Hospital Regional do município mato-grossense.

Hugleice ficou foragido por cinco dias. Em 22 de novembro de 2018, a polícia conseguiu encontrá-lo na BR- 163, em Dourados.

O suspeito estava em um Fiat Pálio quando foi abordado por policiais rodoviários federais. Ele foi preso e levado ao 1º Distrito Policial do município. No dia 29 do mesmo mês, ele foi transferido para uma penitenciária de Mato Grosso.

Mesmo estando preso, no dia 8 de março de 2019, a Justiça em Sidrolândia decretou a prisão preventiva de Hugleice, no processo da morte da cunhada. No dia 19 de março, a defesa entrou com pedido de habeas corpus, mas o Tribunal de Justiça não concedeu o pedido.

Depois, no dia 29 de junho, a 1ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça aceitou o recurso do advogado José Roberto Rodrigues Rosa, que apontou não haver ligação entre os dois crimes e que o réu sempre compareceu a todos os atos processuais.

Erro – Após quase dois anos preso por esfaquear Mayara, erro na Penitenciária da Mata Grande em Rondonópolis, cidade mato-grossense, colocou em liberdade Hugleice, no dia 28 de agosto.

Até então, ele estava presos preventivamente pelos dois crimes. Na época, ao Campo Grande News, José Roberto Rodrigues Rosa, advogado do acusado, explicou que por entender a prisão pelo aborto de Marielly desnecessária, entrou com pedido de liberdade alegando “pretensão fulminada pela prescrição”.

O pedido foi aceito e a liberdade do réu decretada para que aguardasse o júri do caso em casa. Seguindo o procedimento normal, o alvará de soltura foi enviado ao presídio, e soltou ele sem verificar o outro mandado de prisão que o mantinha na cadeia, a tentativa de homicídio contra Mayara.

No dia 2 de setembro de 2020, teve fim a liberdade concedida. A Sesp (Secretaria de Estado de Segurança Pública) de Mato Grosso admitiu o erro ao soltar Hugleice. O erro foi detectado pelo Ministério Público e a direção da unidade penal foi avisada.

No dia 12 de novembro de 2020, ele foi condenado a 12 anos e 3 meses de reclusão em regime inicial fechado por homicídio tentado qualificado.

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