Julgamento de ex-major é retomado com bate-boca de defesa e acusação
O julgamento do ex-major Sérgio Roberto de Carvalho foi retomado nesta segunda-feira pela Auditoria Militar e começou já com bate-boca entre advogados de defesa e a promotoria.
Como na semana passada, quando o julgamento foi suspenso por erros de paginação do processo, hoje a defesa tentou novamente desqualificar a veracidade das provas e contesta as gravações telefônicas que comprovaria a posição de chefia do ex-major dentro da quadrilha de exploração de caça-níqueis.
A acusação sustenta que a voz que comanda ações da jogatina é do ex-major, o que é contestado pelos advogados de Carvalho. Com tom exaltado, a promotoria desafiou a defesa a pedir novamente a paralisação dos trabalhos por conta da suposta fraude.
A defesa alega que os laudos não têm parecer técnico de peritos, mas a Auditoria Militar já havia indeferido o pedido de suspensão e hoje o assunto só ficou mesmo no debate acalorado entre as partes e não prejudicou a retomada do julgamento.
As gravações abriram a audiência nesta manhã, junto de exibição de slides, o que durou cerca de duas horas. Em trechos apresentados pela promotoria, a voz atribuída a Carvalho dá ordens depois de receber informações privilegiadas sobre operações da Polícia Militar.
Uma das conversas diz respeito a fiscalização na Afonso Pena, em Campo Grande, na região próxima ao local conhecido como Pedra, onde haveria exploração do jogo.
Em outra gravação, o ex-major orienta membros da quadrilha antes de fiscalização em um prédio, na avenida Maracaju. Perto da PM chegar, Carvalho diz: “é pra baixar as portas”.
Com base nas conversas, a promotoria quer provas que o ex-major cxhefiava a quadrilha e também era beneficiado pelo fato de ser oficial da PM para ter informações privilegiadas.
O julgamento começou às 8h e a sentença deve sair até às 15 horas. No dia 10, houve o adiamento da audiência a pedido da promotoria, por erro na paginação do processo.
A defesa alegou que, no decorrer da explanação do Ministério Público, a promotoria deveria informar a página correta das provas de acusações no processo, que tem 14 volumes.
A Auditoria Militar acatou o pedido. A promotoria, por sua vez, admitiu a falha. A promotora Tathiana Correa Perereira da Silva Façanha culpou o cartório da Auditoria Militar pelo “lapso e confusão na organização das páginas”.
O advogado Manoel Cunha Lacerda sempre contestou o julgamento na Auditoria Militar, por considerar que os crimes em questão são comuns, como a formação de organização criminosa.
No entanto, a promotoria alega que Carvalho se beneficiou do fato de ser major na época dos crimes, para conseguir informações privilegiadas.
Ele também será julgado pela Justiça comum, por conta da prisão em 2008k, durante operação Las Vegas, que fechou cassinos em Campo Grande.