Não há motivo para pânico, mas é bom saber tudo sobre febre amarela
Em Mato Grosso do Sul, as suspeitas de casos da doença foram descartadas, mas o clima de alerta continua em razão do surto em regiões próximas
Doença viral aguda, a febre amarela é transmitida ao homem e primatas por meio da picada de mosquitos infectados. A reportagem do Campo Grande News buscou respostas para as principais dúvidas com auxílio da superintendente estadual de Vigilância em Saúde, Angela da Cunha Castro Lopes, que disse não haver motivo para pânico em Mato Grosso do Sul.
Haemagogus e Sabethes são os transmissores da febre amarela no ciclo silvestre e tornam macacos hospedeiros do vírus que matou, nos últimos sete meses, 53 pessoas no país. Os primatas, quando encontrados mortos, servem de indicador sobre a circulação da doença.
Sem registro nas cidades há mais de sete décadas, o ciclo urbano tem no Aedes aegypti o responsável pela circulação do vírus, junto com os da dengue, zika e chikungunya. Ou seja, uma pessoa que desenvolveu a doença ao frequentar área de mata pode, ao ser novamente picada em sua casa, infectar outras no entorno. Daí a necessidade de combater o mosquito.
Turista paranaense, em 2015, foi o último caso a ser registrado da doença no Estado. Neste ano, acabou descartada morte por febre amarela de paulista que passou por Dourados, já a SES (Secretaria Estadual de Saúde) encaminhou amostras de sangue colhidas de macacos encontrados mortos no interior para o laboratório Adolfo Lutz, em São Paulo (SP). Depois de análise pode-se confirmar ou não a existência do vírus em solo sul-mato-grossense.
Como identificar - As primeiras manifestações da febre amarela incluem o início súbito de febre, calafrios, dor de cabeça intensa, dores nas costas, no corpo, náuseas, vômito, fadiga e fraqueza. Forma mais grave e rara pode ocorrer depois de dois dias de melhora, havendo insuficiência hepática, renal, sangramentos, além de olhos e pele amarelados (icterícia).
Identificado alguns dos sintomas, a recomendação consiste em procurar médico na unidade de saúde mais próxima informando qualquer viagem para área de risco nos 15 dias antes do início dos mesmos, se foi observada morte de macacos próxima aos locais visitados e qual a data em que houve aplicação da vacina. Estima-se que a incubação ocorra entre três a seis dias do contato com o vírus, podendo em situações esporádicas chegar de 10 a 15 dias.
Prevenção - Mato Grosso do Sul, conforme a superintendente de Vigilância em Saúde, tem sido classificada como área endêmica ao ser incluída na Amazônia Legal. Assim as vacinas estão disponíveis nos postos de saúde para imunização dos 9 meses aos 60 anos, exceto para mulheres amamentando crianças menores de 6 meses de idade, pessoas com alergia grave a ovo, doenças autoimunes, HIV e contagem de células CD4 menor que 350, usando imunossupresores e em tratamento de radioterapia ou quimioterapia.
"Vacina faz parte da nossa rotina, mas é preciso também acabar com focos de água parada", ressaltou Angela da Cunha, relembrando que o protocolo de imunização desde abril do ano passado estabelece que uma dose padrão assegura proteção para a vida toda, porém não exime o cidadão de cuidar do próprio quintal para evitar a proliferação do Aedes aegypti.
Repelentes tendem a intensificar a proteção contra a doença, desde que tenham substâncias com eficácia comprovada em sua fórmula como DEET, IR3535 e icaridina. O uso de vitamina do complexo B, por outro lado, não tem efeito comprovado contra o mosquito.