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Cidades

Pelo 3º ano consecutivo, MS é estado mais violento para índios

Angela Kempfer | 29/06/2011 15:52
Em Coronel Sapucaia, criança morreu de desnutrição no ano passado, sem atendimento médico. (Foto: Sandra Luz)
Em Coronel Sapucaia, criança morreu de desnutrição no ano passado, sem atendimento médico. (Foto: Sandra Luz)

Desde 2008, Mato Grosso do Sul é destaque no Relatório de Violência Contra os Povos Indígenas no Brasil, lançado pelo Cimi (Conselho Indigenista Missionário). Os dados, divulgados anualmente, colocam o Estado como o mais violento para os índios no País.

Em 2010, 34 indígenas foram assassinados, 56% dos 60 casos registrados em todo o Brasil. Mais uma vez, a entidade lembra que o problema é resultado do que considera “racismo institucional”.

O número de mortes é classificado de genocídio, “pois além de emplacar o maior número de assassinatos, o Estado também registra a maior percentagem de tentativas de assassinatos e demais violações de direitos, como ameaças várias e lesões corporais dolosas”, esclarece o Cimi.

O relatório também reforça que considera a violência como efeito da luta pela terra, agravada pela morosidade das demarcações e superpovoamento das áreas hoje sob posse dos índios.

Além das execuções, o Cimi contabiliza outros 152 índios ameaçados de morte. Os assassinatos não estão diretamente ligados à tensão agrária, são potencializados pelo uso do álcool, mas até esse tipo de ocorrência tem relação com a falta de terra, que leva à falta de perspectivas, avalia o Conselho.

“Foram registrados 33 casos de invasões possessórias e exploração ilegal de recursos naturais disponíveis em terras indígenas”, revela o estudo.

Outra dado alarmante diz respeito a desnutrição, problema amplamente divulgado em 2005, mas que ainda hoje faz vítimas.

Segundo o Cimi, 92 crianças morreram por falta de cuidados médicos ou condições adequadas de saúde da mãe na hora do parto, por exemplo.

O número aumentou 6 vezes se comparado a 2009, quando foram registradas 15 vítimas.

Miséria - Em setembro do ano passado, uma criança de 3 anos teve parada cardiorrespiratória, agravada por quadro de pneumonia, desidratação e desnutrição e morreu sem atendimento médico em aldeia guarani de Coronel Sapucaia.

Por conta de conflitos entre proprietários rurais e indígenas, na área chamada pelos guarani de Kurussu Amba, os órgãos que prestam atendimento às aldeias estavam impedidos de entrar na fazenda. Só depois da morte do garoto, a Funasa retomou o serviço.

No entanto, nesse quesito, o maior drama é verificado no vizinho Mato Grosso. Entre os casos, a situação do povo Xavante é considerada “desoladora” porque 60 crianças morreram, de 100 nascidas vivas. “Todas vítimas de desnutrição, doenças respiratórias e doenças infecciosas”, detalha o Cimi.

No Brasil, o Conselho acredita que mais de 42 mil sofreram pela falta de assistência à saúde e à educação.

O levantamento completo será publicado amanhã no site da organização e comenta “entra governo, sai governo, a ocorrência de violências e violações de direitos contra os povos indígenas no Brasil continua igual“.

Os números da violência contra os povos indígenas pode ser ainda maior, porque o estudo só considera os casos divulgados pela imprensa e as ocorrências registradas pelas equipes do Cimi em 11 escritórios regionais.

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