Professores paralisam atividades amanhã e 270 mil alunos devem ficar sem aulas
Os 20 mil professores da rede estadual de ensino devem paralisar as atividades nesta quinta-feira em todo o Estado em protesto às medidas do governo estadual, que a Fetems ( Federação dos Trabalhadores em Educação de Mato Grosso do Sul) classifica como retrocessos na área da educação. Com isso, cerca de 270 mil alunos devem ficar sem aulas amanhã.
De acordo com o presidente da FETEMS, Roberto Magno Botareli Cesar, a paralisação dos professores desta quinta-feira será feita para protestar contra o Projeto de Lei nº 48/2015, que altera o PL nº 3244/2006, que trata sobre as eleições de diretores na Rede Estadual de Ensino, previsto para ser votado na Assembleia Legislativa amanhã de manhã. Segundo ele, os trabalhadores do interior e da Capital estão mobilizados para acompanhar a votação.
Em relação ao projeto apresentado pelo governo, a Fetems quer a participação de todos os alunos de 12 anos acima na escolha dos diretores de escolas, enquanto o governo quer limitar a idade mínima a 14 anos de idade. A entidade também cobra a possibilidade de todos os profissionais da educação (professores e funcionários administrativos) concorrerem aos cargos de diretores e diretores adjuntos, conforme previsto na Lei Complementar 87/2000. Isso contraria a posição da Secretaria Estadual de Educação, que limita a disputa somente aos professores.
Segundo Roberto Botarelli, a Federação se reuniu várias vezes com a secretária de Educação Maria Cecília da Mota para negociar os pontos polêmicos do projeto de lei, que significa retrocesso a conquistas históricas da categoria, mas não se chegou ao consenso. "Quando a negociação se esgota entra a luta, participamos de inúmeras conversas com a comissão do Governo, pouquíssimos pontos do nosso acordo avançaram. Por isso estamos mobilizados e vamos deflagrar uma greve se for necessário", afirmou.
Além da rede estadual, o presidente da Associação Campograndense dos Professores (ACP), Geraldo Alves, disse que os educadores da Capital da rede estadual também estão mobilizados e vão acompanhar os trabalhos na Assembleia Legislativa. “A ACP apoia as ações da Federação e vamos estar na Assembleia amanhã”, afirmou, acrescentando que no próximo dia 19 será a vez da rede municipal fazer uma paralisação de alerta, para cobrar da Prefeitura o reajuste de 13,01% do Piso Salarial dos Professores, conforme determina a lei do piso nacional.
Pela manhã os professores devem acompanhar a sessão da Assembleia que vai analisar o projeto de lei das eleições diretas para diretores de escolas. A partir das 14 horas, no pátio da própria Assembleia , os trabalhadores vão realizar uma assembleia geral para discutir os encaminhamentos a serem adotados diante do resultado da votação.
Nesta assembleia geral, também serão discutidos outros assuntos inerentes à luta da categoria, como o reajuste dos administrativos em educação, com data base em 1º de maio, mas que até o momento não houve diálogo com o Governo; a forma de pagamento de 10,98% de reajuste dos professores, referente ao cumprimento da Lei Estadual n° 4.464, de 19 de Dezembro de 2013, que trata sobre o reajuste de 25,42%, concedido pelo ex-governador André Puccinelli.
Conforme o presidente da Fetems, no início de 2014, o governo concedeu os 13,01% de reajuste aos professores, referente a correção do Piso Nacional para 2015. “Porém, ficaram 10,98% pendentes. E no acordo firmado em fevereiro, o governador disse que apresentaria até o dia 15 de maio a forma de pagamento ainda no exercício de 2015. Mas até hoje não nos foi informado nada”, explicou.
Segundo Roberto Botareli, a direção da Fetems tirou indicativo de greve na Rede Estadual de Ensino, a partir do dia 21 de maio e amanhã, durante a assembleia geral, os trabalhadores em educação irão votar se aceitam ou não paralisar as atividades. “Esperamos receber um posicionamento do governo até sexta-feira, conforme acertado no início do ano”, ressaltou.
Atualmente a Rede Estadual de Ensino possui cerca de 20 mil professores e 5 mil administrativos em educação. O Campo Grande News ligou para a secretária de Educação, Maria Cecília da Mota, na tentativa de ouvir uma declaração do governo sobre os questionamentos, mas até a conclusão da matéria não houve retorno.