Campo-grandense emociona o País com ouro dramático no Pan
RETROSPECTIVA
Leonardo de Deus chegou a ser desclassificado em prova de natação em Guadalajara antes de faturar medalha. No futebol, Federação anuncia transmissão de jogos do Estadual a partir do ano que vem. No automobilismo, ano de 2011 é marcado por reclamações no autódromo de Campo Grande
Guadalajara, México, sede dos Jogos Pan-Americanos de 2011. Um nadador chora copiosamente em rede nacional no terceiro dia de disputas na competição. Melhor nos 200 metros borboleta, com o tempo de 1min57s92, o campo-grandense Leonardo de Deus ia ao desespero no momento em que o placar apontava que Daniel Madwed era o campeão da prova.
Tudo por conta de uma touca, que a comissão de arbitragem julgava que Leonardo utilizava indevidamente por exibir uma logomarca da empresa Yakult.
A delegação brasileira interveio e conseguiu reverter o quadro, que devolveu a medalha de ouro ao atleta de Campo Grande que, nasceu na Capital do Estado, mas deixou cedo Mato Grosso do Sul, ainda na infância, para treinar no clube do Remo em Belém no Pará.
"É difícil você ganhar uma prova e tirarem ela de você na frente de milhares de pessoas. Eu liderei toda a prova, bati na frente e todo mundo viu. A justiça foi feita”, declarou o nadador, culpando a organização da prova pelo transtorno e por não ter checado a touca antes da disputa.
Após a medalha, Leonardo ganhou evidência, ficou conhecido e foi apontado como uma das principais apostas da natação brasileira.
O campo-grandense comemorou a renovação de contrato por mais um ano com o Flamengo. Recentemente, conquistou cinco medalhas de ouro e uma de prata na disputa simultânea do Open de Natação e do Brasileiro Sênior.
Para o ano que vem, já em janeiro, começa a preparação para dois torneios no primeiro semestre que serão a oportunidade para melhoras os índices olímpicos para os Jogos Olímpicos de Londres.
Judoca de MS leva a prata - Além de Leonardo de Deus, o Estado teve outros três atletas no Pan. O campo-grandense Rafael Silva faturou medalha de prata na categoria dos pesados (+ de 100 kg) do judô após perder para o cubano Oscar Rene Brayson. Foi a estreia do jovem judoca em Pans.
Lucas Kanieski e o cavaleiro Rogério Clementino, voltaram para casa sem medalhas, mas também não fizeram feio.
Kanieski foi o único brasileiro na final dos 1500 m masculino de natação e terminou em 5º lugar, com o tempo de 15min31seg23.
Já Clementino ficou longe do pódio no adestramento individual, obteve 69.762 pontos e terminou na 12ª colocação. Ainda assim, o resultado do adestramento brasileiro foi histórico. Pela primeira vez, o Brasil classificou dois cavaleiros para a final do individual: Rogério, com o cavalo Sargento do Top, e Mauro Pereira Junior, com Tulum Comando. Os dois ficaram entre os 15 melhores das Américas.
Ex-peão de rodeio, nascido em Ivinhema e criado em Tacuru, Rogério Clementino tem uma história marcada por superações e vitórias. Ele conquistou a medalha de bronze por adestramento em equipe nos Jogos Pan-Americanos do Rio em 2007. Depois, foi o primeiro cavaleiro negro a ser classificado para uma Olimpíada. Na ocasião, ele teve o cavalo Nilo desclassificado, por apresentar um trote irregular.
Futebol - O ano do futebol estadual começou com as eliminações precoces de Comercial e Naviraiense na Copa do Brasil no mês de fevereiro.
No estádio Morenão, logo na estreia, o Colorado foi goleado por 6 a 1 pelo Vasco, posteriormente campeão do torneio, e eliminado do certame. Já a equipe de Naviraí perdeu as duas partidas diante do Santo André. Em casa, por 2 a 1, e, no jogo de volta, por 1 a 0.
No campeonato Estadual, o Aquidauanense se mostrou a surpresa do campeonato. Com boa campanha, chegou à final da competição para enfrentar o Cene.
A decisão da Série A do Sul-Mato-Grossense foi disputada em duas partidas. Na primeira, no dia 2 de julho, os cenistas fizeram valer o fator casa e venceram a equipe de Aquidauana por 3 a 1.
No confronto de volta, na casa do adversário, o time de Campo Grande foi pressionado e levou susto ao perder do Azulão por 2 a 0, mas o resultado deu o quarto título estadual ao Cene. Ambos serão os representantes do Estado na Copa do Brasil do ano que vem.
Poucos dias depois, os cenistas iniciavam a disputa da Série D do Campeonato Brasileiro, mas não conseguiram avançar à segunda fase.
No grupo A7 junto com Oeste (SP), Mirassol (SP), Operário (PR) e Cerâmica (RS), o time terminou em terceiro lugar do grupo e, por um ponto, viu as duas equipes paulistas garantirem classificação, sobretudo, por uma derrota na penúltima rodada diante do Oeste, adversário direto.
O Cene chegou a liderar o grupo por diversas rodadas. Foram quatro vitórias, um empate e três derrotas.
Polêmica - Prestes a terminar o ano, o futebol de MS ganhou uma notícia que foi recebida com entusiasmo pelos dirigentes de clubes. FFMS (Federação de Futebol de Mato Grosso do Sul) e a TV Morena, afiliada da Rede Globo, anunciaram contrato de cinco anos para transmissão das partidas do Estadual.
Em 2012 serão entre quatro a seis jogos e o número vai crescer gradativamente ano a ano. A parceria foi definida como um momento histórico para o futebol sul-mato-grossense.
Outra notícia que movimentou os bastidores do esporte no Estado foi uma declaração do senador Delcídio do Amaral (PT). Em entrevista para o site Ivi Notícias, de Ivinhema, ele revelou articulação para trocar o comando da Federação, presidida há 16 anos por Francisco Cezário.
O petista alega, em vídeo, que o futebol de MS teria investidores dispostos a injetar recurso, mas só fariam isto com a mudança no comando da entidade. Cezário, em entrevista recente, desconversou sobre o caso.
Poeira na pista - 2011 também contou com disputas em alta velocidade no Autódromo Internacional de Campo Grande, mas reclamações em comum: sujeira e poeira na pista, asfalto abrasivo.
A “lebre” foi levantada durante as disputas da Stock Car em junho. Cacá Bueno, que fazia o melhor tempo no primeiro dia de treinos livres, criticava a qualidade do asfalto, que soltava pedras ao longo do circuito, forçando o desgaste dos pneus e o planejamento especial para a corrida baseado na troca de pneus.
“Ser rápido em Campo Grande às vezes não significa nada. A estratégia que pode definir a vitória”, disse o piloto.
“Quando estamos atrás de outro competidor podemos perceber as pedras e poeira surgindo”, ilustrou Átila Abreu.
“É muito pó e poeira, parece que nós estamos correndo em um circuito de terra, mas tem que se acostumar, no Rio de Janeiro não tem poeira, mas tem areia. O principal é o asfalto que tem que ser recapeado, se isso não ocorrer apesar das muitas válvulas de escape, a segurança cai pela metade. Isso tem que ser melhorado ou então dificilmente categoria (Stock Car) volta para Campo Grande”, opinou Marco Gomes, da Medley Full Team.
A mesma reclamação e as estratégias de corrida seguiram para pilotos no autódromo de Campo Grande nas corridas do Campeonato Audi DTCC, disputado em julho, na Fórmula 3 Sul-Americana, em agosto, e no Itaipava GT Brasil, realizado em outubro.