Sindicância vai levar até 40 dias para investigar se mortes foram por dengue
A morte de uma criança de 8 anos e de uma adolescente de 16 esta semana em Campo Grande, possivelmente provocadas por dengue, ainda são investigadas pela Sesau (Secretaria Municipal de Saúde) e SES (Secretaria Estadual de Saúde). A confirmação dos casos só acontece após uma sindicância das autoridades de saúde da Capital, no caso da criança, e ainda análise do histórico do atendimento médico pela Vigilância Epidemiológica Estadual, no caso da adolescente. Nas duas situações também é necessária a confirmação da doença, feita através de exame de sangue.
A secretaria explicou que o motivo das duas mortes é o foco da investigação. Sendo assim, o tempo de espera para confirmar a causa do óbito leva entre 30 e 40 dias, enquanto normalmente o exame que confirma a dengue leva de três a cinco dias para ficar pronto. A investigação interna foi instaurada pois ambas as pacientes receberam atendimento das unidades de saúde da Capital.
“O exame que confirma a dengue demora de 3 a 5 dias, para pacientes vivos ou não. No caso da criança, por exemplo, só quem pode confirmar se ela morreu por causa da dengue é a Sesau e o médico que atendeu o caso juntamente com o histórico”, explicou a farmacêutica bioquímica e gerente da biologia médica do Lacen (Laboratório Central de Saúde Pública), Deborah Ledesma Taira.
Em Mato Grosso do Sul todos os exames que confirmam os casos de dengue, em pacientes vivos ou não, são realizados no Lacen, que é ligado a SES. A gerente explicou que em época de epidemia, como a que atinge Mato Grosso do Sul, o protocolo para confirmação da dengue está correto e pode ser feito apenas com exames clínicos.
“O Ministério da Saúde orienta para que pacientes com sintomas da dengue clássica, que apresentam náuseas, vômito, diarreia, febre e dores pelo corpo, no curso de uma epidemia podem ter a doença confirmada por exame clínico, antes do exame laboratorial”, disse.
Nos casos de pacientes que morreram, a diferença na realização do exame é apenas no material colhido. “A única diferença é que o material é colhido na necropsia, e além do sangue também colhemos as vísceras. É o que esta sendo feito no caso da adolescente, pois a família autorizou o exame”, explicou Deborah Taira.
Casos – Maria Fernanda Amarilha Pereira, 8 anos, morreu na madrugada de terça-feira (12), quando era atendida na UPA (Unidade de Pronto Atendimento) da Vila Almeida. O exame que confirmou que ela estava com dengue só foi concluído no dia seguinte, mas mesmo assim a Sesau já havia divulgado que a criança estava com a forma clássica da doença.
Ela foi atendida no local no domingo (10) e passou a noite em observação e recebeu alta na segunda-feira (11) por volta do meio dia. Mas passou mal novamente e voltou para a unidade às 22 horas, no mesmo dia e morreu horas depois.
Na ocasião a Secretaria afirmou que a morte seria investigada porque a criança tinha cardiopatia congênita. O problema no coração poderia ter interferido no tratamento e causado a morte. Mas a família da menina negou qualquer outra doença e afirmou que ela era saudável.
Já a estudante Karolina Ribeiro Soares Rodrigues, 16 anos, passou por duas consultas no CRS (Centro Regional de Saúde) do bairro Coophavilla, em Campo Grande, antes de ser internada no HR (Hospital Regional), onde faleceu na quarta-feira (13). A SES – que responde pelo HR –, informou que o caso também passou a ser investigado pela Vigilância Epidemiológica como suspeito de dengue, mesmo antes da confirmação do exame sorológico.
A Sesau informou que nas duas vezes que esteve no CRS, ela foi atendida de forma padrão para casos suspeitos de dengue: recebeu hidratação e foi liberada em seguida. Porém na manhã de quarta-feira (13) ela foi transferida para o HR, às 9 horas, onde chegou consciente e relatou que estava com dores nas costas. Apenas 15 minutos depois sofreu uma parada respiratória e foi encaminhada para o CTI (Centro de Terapia Intensiva). No local ela foi reanimada por duas horas, mas não resistiu e morreu.
A sindicância realizada pela Sesau deve analisar o atendimento prestado as duas pacientes, pré-diagnóstico, procedimento médico, medicação e o acompanhamento dos casos. Tudo isso para confirmar se as vítimas morreram ou não por conta da dengue.