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Cidades

TJ diz que solicitou informações a desembargadora sobre cheque apreendido

Na nota, o TJMS aponta ainda que “os fatos devem sempre ser apurados pelas autoridades competentes, assegurado a qualquer cidadão o devido processo legal”.

Gabriel Neris | 21/06/2018 18:08
Presidente do TRE-MS, Tânia Garcia de Freitas Borges, apresentou versão sobre cheque apreendido (Foto: Saul Schramm)
Presidente do TRE-MS, Tânia Garcia de Freitas Borges, apresentou versão sobre cheque apreendido (Foto: Saul Schramm)

O TJMS (Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul) disse que solicitou informações para a desembargadora e presidente do TRE-MS (Tribunal Regional Eleitoral), Tânia Garcia de Freitas Borges, sobre o cheque de R$ 165 mil apreendido na investigação contra a Máfia do Cigarro.

Em entrevista ao Campo Grande News a desembargadora afirmou que a garantia do valor foi feita ao tenente-coronel Admilson Cristaldo Barbosa para “segurar” a compra de um veículo, entretanto a venda não foi concretizada.

“O Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul, assim que tomou conhecimento dos fatos, imediatamente solicitou informações a magistrada e toda documentação será encaminhada ao órgão competente para a devida apuração”, diz trecho da nota divulgada pelo TJMS nesta quinta-feira (21).

Na nota, o TJMS aponta ainda que “os fatos devem sempre ser apurados pelas autoridades competentes, assegurado a qualquer cidadão o devido processo legal”.

“No mês de março, eu estava tratando da venda do meu carro para comprar um SUV, carro mais alto, mais seguro para viagens. Estava em negociação com o doutor Roberto Vieira, que dependia de receber um crédito para realizar o negócio comigo e pediu que eu aguardasse. Soube que o tenente-coronel Admilson estava vendendo justamente um veículo que atendia as minhas necessidades, um Jeep Grand Cherokee”, afirmou a desembargadora.

Interessada, a presidente do TRE explicou a Admilson que só poderia comprar a Cherokee se finalizasse a venda de seu veículo. O pedido foi para que o tenente-coronel aguardasse entre 30 e 40 dias. Contudo, ele apontou a necessidade de vender o veículo. Foi combinado que deixaria o carro na revenda, mas para demonstrar o interesse na compra, a desembargadora entregou o cheque a Admilson. O valor de R$ 165 mil era o preço integral do SUV.

Cristaldo foi preso sob acusação de ter ligação com contrabandistas (Foto: Fernando Antunes/Arquivo)
Cristaldo foi preso sob acusação de ter ligação com contrabandistas (Foto: Fernando Antunes/Arquivo)

Se a Cherokee fosse comercializada na garagem de carros, o cheque seria devolvido. Caso a desembargadora vendesse o carro, a compra da Cherokee seria finalizada. “Quando foi em maio, ele foi preso. O carro, pelo que li no noticiário, continua na garagem à venda. Não vendi meu carro até hoje porque o doutor Roberto também não recebeu o crédito. Até já olhei outros veículos da mesma marca. Mas quero fazer uma venda casada, vender e comprar”, afirma a desembargadora, que ainda aguarda a venda de seu carro para o advogado.

A desembargador conta que conheceu Admilson Barbosa quando foi ministrar palestras na academia de formação dos policiais militares há 12 anos.

A presidente do TRE é mãe de Breno Fernando Borges, preso por tráfico de drogas. O caso ganhou repercussão nacional depois que a desembargadora foi pessoalmente liberar o filho do presídio de Três Lagoas. Ela não quis comentar o tema, que está na Justiça.

Denúncia – Preso em 16 de maio, o tenente-coronel Admilson Cristaldo Barbosa foi alvo da operação Oiketicus, que investiga a ligação de policiais militares com a Máfia do Cigarro. Ele foi denunciado à Justiça Militar por corrupção, lavagem de dinheiro e organização criminosa.

A investigação foi feita pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado), braço do MP/MS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul). O que levantou suspeita foi o padrão de vida incompatível com os rendimentos que ele recebia na Polícia Militar. Nome da operação, oiketicus é um inseto conhecido popularmente como “bicho cigarreiro”.

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