Tragédia no RS intensificará vistoria em casas noturnas pelo Crea
O Crea (Conselho Regional de Engenharia e Agronomia) de Mato Grosso do Sul vai intensificar as vistorias em clubes e casas noturnas de todo Estado. Segundo o presidente Jary Castro, a ação já estava programada para começar nesta semana e com a tragédia do incêndio que matou 232 pessoas dentro de uma boate no Rio Grande do Sul, teve atenção redobrada.
“Essa coincidência trágica veio aflorar a nossa função. Vamos reunir Crea, Prefeitura, bombeiros e empresários para que a gente possa conversar e preparar esses locais. É inconcebível o que veio a acontecer”, declarou Jary ao Campo Grande News sobre o episódio em Santa Maria na madrugada deste domingo.
O presidente do Conselho afirmou que está acompanhando o caso desde cedo e que já inclusive falou com o prefeito Alcides Bernal (PP) para que os órgãos fiscalizadores, junto com a Prefeitura, se reúnam com empresários.
“Se observar esse caso do Rio Grande do Sul, não foi por falta de extintor, de saída de emergência. Foi erro humano. Os funcionários não estavam preparados. Eles trancaram portas e não direcionaram jovens. É um fato difícil e não é erro de engenharia, é de capacitação de pessoas”, explicou Jary Castro.
Neste contexto, a vistoria em casas noturnas será intensificada não só focando os projetos de defesa, como também conscientizando empresários da responsabilidade de preparar os funcionários. “Vamos dar o enfoque de conversar com empresários para que eles tenham pessoas capacitadas para cuidar do evento além do obrigatório, de iluminação, rota de fuga e projetos elétricos”, completou o presidente do Crea.
Quanto à preparação dos funcionários, Jary alerta para a atenção que os seguranças devem ter. Ele comentou de denúncias que o Crea têm recebido de seguranças que bebem junto com os jovens nas boates. “São funcionários totalmente despreparados e isso é muito preocupante. Um momento triste como esse leva a uma reflexão”, declarou.
O presidente do Crea falou ainda que o órgão luta há anos para que os alvarás sejam liberados apenas para ambientes com locais acessíveis, que tenham o aval dos bombeiros e também da Defesa Civil. “Não adianta botar segurança e não prepará-lo. Precisa de pessoas preparadas, uma brigada de defesa”, finaliza Jary.
O incêndio atingiu a boate Kiss, em Santa Maria, município distante cerca de 300 quilômetros de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, provocou a morte de 233 pessoas. Informações preliminares apontam que o fogo pode ter começado por volta das 2h, após um sinalizador, que teria sido acendido por um dos integrantes da banda Gurizada Fandangueira, ter atingido a espuma de isolamento acústico no teto da boate. As chamas se espalharam rapidamente e todo o ambiente foi encoberto por uma fumaça preta, que intoxicou parte dos clientes.