A mulher de César não basta ser honesta, deve parecer honesta
Quando a imagem e o discurso não estão dizendo a mesma coisa, a desconfiança é instalada com sucesso
A famosa frase do título deste artigo é atribuída ao imperador romano Júlio César. Vou contar a história brevemente: em 1 de maio de 62 a.C., a segunda esposa de Júlio César, Pompeia Sula, uma jovem muito bonita, promoveu uma festa em sua casa apenas para mulheres. Homens não podiam sequer se aproximar do evento. Mas Publius Clodius, sendo rico e atrevido, estava apaixonado por Pompeia e não resistiu: disfarçou-se de tocadora de lira e, clandestinamente, entrou na festa, na esperança de se aproximar da amada.
Ele foi descoberto, óbvio, e o falatório foi geral na cidade. Mesmo que não tivesse acontecido nada, segundo a história, imediatamente Júlio César se divorciou da esposa e disse: “A mulher de César deve estar acima de qualquer suspeita. A mulher de César não basta ser honesta, deve parecer honesta”.
Passados mais de dois mil anos, esta frase continua sendo amplamente utilizada porque continua se provando verdadeira: não basta ser, é preciso parecer ser quem se é.
Cada detalhe importa na percepção do outro sobre quem você diz ser. Não se trata de criar um personagem, mas de saber transmitir as suas qualidades. O jeito como você se porta, o modo como você fala, como você se relaciona com os outros, como trata as pessoas, principalmente aquelas que estão em um nível hierárquico menor, e sim, a sua aparência, a sua vestimenta também são muito importantes, porque podem ter códigos visuais que corroboram ou não quem você é.
Imagine ir a um consultório médico para se consultar e encontrar um doutor vestido de camisa florida e chinelo? Ou contratar um engenheiro civil de terno acetinado azul royal e gravata borboleta? Os códigos visuais detectados pelo público não condizem com os pré-requisitos da profissão. Afinal, como um médico, que cuida de um assunto tão sério como saúde, pode atender alguém como se estivesse de férias? Um engenheiro poderia não conseguir se comunicar com a equipe de pedreiros de uma maneira eficiente vestido de um jeito tão desconexo do ambiente, no caso uma obra.
Veja, não estou falando que não poderiam se vestir assim, cada um deve fazer o que se sente bem, mas imediatamente quem os visse atuando em suas respectivas profissões poderia interpretar a desconexão da aparência e do discurso com falta de competência técnica, uma vez que aquele profissional não se “parece” com outro daquela área.
A quebra de expectativa é real e pode custar a perda de oportunidades, tendo em vista que você pode não ter uma segunda chance de mostrar as suas habilidades na prática. Já dizia outro ditado, muito mais antigo, do filósofo chinês Confúcio: “uma imagem vale mais do que mil palavras”. Isso há 2.500 anos.
(*) Larissa Almeida é formada em Comunicação Social pela UFMS e pós-graduada em Influência Digital pela PUC-RS. Trabalhou durante 14 anos na área de comunicação e imagem em importantes instituições como Caixa Econômica Federal, Prefeitura de Campo Grande, Governo do Estado de Mato Grosso do Sul, Senado Federal, além de ter coordenado a comunicação da Sanesul. Consultora de imagem formada pelo RML Academy e Centro Universitário Belas Artes de São Paulo. Especialista em Dress Code e comportamento profissional por Cláudia Matarazzo e RMJ Treinamento e Desenvolvimento Empresarial. Siga no Instagram @vistavoce_.