11 mil virgens, muita propaganda e os hunos de nossa fronteira
A vida dos santos e os relatos de milagres foram leitura adorada para nossos antepassados. Mais que venerá-los, funcionavam como propaganda da capacidade da igreja de resolver os males de seu tempo, sem efetivamente fazer coisa alguma. Entre essas histórias, uma das mais interessantes é a de Santa Úrsula de Colônia.
As onze donzelas.
Essa jovem do século IV que, voltando da Itália, foi martirizada na Alemanha, pelas tropas de Átila, tinha ido a Roma consagrar seus votos de virgindade e não peregrinava sozinha, estava com outras onze donzelas.
A arte de transformar 11 em 11.000.
Ainda que as tropas de Átila aterrorizassem parte da Europa, os reis e o papado estavam mais interessados em suas disputas por riquezas e territórios. Mas a morte de Úrsula e suas amigas teve grande repercussão. Algo deveria ser feito. Um "erro" transformou as onze donzelas em onze mil virgens. Os poderosos tiveram de abandonar, por um instante, seus lucrativos afazeres e demonstrar às populações que estavam interessados em combater Átila.
Os hunos da fronteira do Mato Grosso do Sul.
Átila e seus hunos estão em nossas fronteiras com o Paraguai. Nossos mandatários quase nada fazem para combatê-los. Estão verdadeiramente interessados em resolver suas disputas e não em expulsar bandidos. Mas os hunos assassinaram três moças. O impacto foi o mesmo de matar 3.000 donzelas. Todas eram belas e bem comportadas estudantes, sem relação direta com o banditismo. Os poderosos tiveram de agir. Encheram um ônibus de policiais. Apenas propaganda. Como era de esperar, passados sete dias, a matança perpetrada pelos hunos, voltou. Mais donzelas precisam ser assassinadas para expulsarem esses hunos?