A ferrovia interligando o Brasil com o Pacífico a ser construída pelos chineses
Nada foi decidido sobre a ferrovia interligando o Brasil com o Pacífico a ser construída pelos chineses.
As primeiras notícias anunciam investimentos chineses no Brasil da ordem de US$ 53 bilhões. A missão chinesa estaria interessada em aportar recursos, prioritariamente, em energia e em ferrovias. O Brasil está interessado em vender carne bovina e aviões da Embraer. Uma missão diplomática é antes de tudo uma mesa de negociações. Não se pode esquecer que a China tem em seus cofres algo como US$ 4 trilhões. É a maior poupança da história da humanidade. Mas também não se pode deixar de entender que os chineses são exímios negociadores.
A questão da carne bovina vem se arrastando há mais de um ano quando o vice presidente Michel Temer esteve à frente de uma missão brasileira na China. Há enormes interesses em jogo com empresários de Hong Kong que dificultam a ação de empresários brasileiros. Os aviões da Embraer voam nos céus chineses há tempos em rotas secundárias. Um deles percorre a rota Xian a Dunhuang. É uma rota que envolve poucos interessados na disputa internacional.
Sobre a ferrovia algumas questões são primordiais. O primeiro-ministro chinês, Li Qeqiang, visitará o Brasil, Colômbia, Peru e Chile. Assinará a intenção de investir em projetos ambiciosos nos quatro países. Na reunião de janeiro em Pequim com os países da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos, o Presidente da China, Xi Jinping, anunciou o investimento de US$ 250 bilhões na região ao longo da próxima década. Desse montante, US$ 53 bilhões só no Brasil?
Há outras questões que passam desapercebidas por parte da imprensa. A capacidade industrial chinesa para a construção de ferrovias pode fornecer a melhor tecnologia existente no mundo, mas está ociosa. Os chineses construíram redes ferroviárias inacreditáveis. O ramal que liga Pequim a Lhasa, no Tibet, era considerado uma obra impossível. Eles construíram o "Trem das Nuvens", esse ramal entre a capital e o Tibet, com enorme sucesso. E mais, em Xangai está situado o trem de alta velocidade considerado o exemplo do que há de melhor no mundo. Em suma, os chineses têm dinheiro e tecnologia para construir um ramal ferroviário que ligue o Brasil ao Pacífico. Mas há outro fato que não está sendo divulgado. Os chineses ainda se lembram com amargura do contrato cancelado com o governo do México para construir um ramal ferroviário. Eles estão "prospectando negócios" para substituir o contrato cancelado com os mexicanos.
Supondo-se que assinem um protocolo de intenções com o governo brasileiro para a construção da via férrea que ligará ao Pacífico, passarão aos estudos de viabilidade. Esses estudos serão realizados em várias frentes - econômico, tecnológico e ambiental serão os decisivos. A ideia inicial de ter início em Minas Gerais, passando por Goiás, Mato Grosso, Rondônia e Acre é uma intenção. Esse não é o traçado definitivo. Há dois fatores importantes que surgirão mais à frente: problemas ambientais e parceria entre Bolívia e Perú.
Varar uma estrada férrea em centenas de quilômetros de floresta amazônica não será tarefa fácil. Um problema espinhoso para ser intermediado com organizações ambientalistas e ministérios públicos. Basta dizer como suporte a esse argumento que Manaus não conta com uma boa estrada que a ligue ao resto do país por esse motivo. Há também a aliança entre o Peru e a Bolívia. Esta coluna noticiou no ano passado a intenção dos governantes desses dois países de convencerem o brasileiro para a construção de uma via férrea que ligasse os três países. Esses são os estudos e batalhas que podemos travar em prol de um ramal que possa nos ligar ao Pacífico.
Os negócios entre Brasil e China.
O Brasil, que no ano passado exportou mais de US$ 40 bilhões para a China, tem na soja sua principal fonte de negócios, com um volume de US$ 16,6 bilhões em 2014. O ferro representou US$ 12,3 bilhões. Seguido pelo petróleo com US$ 3,5 bilhões, a celulose com US$ 1,4 bilhão e o açúcar com US$ 880 milhões. Esse é um conjunto de mercadorias encontradas no Mato Grosso do Sul.
Por outro lado, anunciam que a missão chinesa assinará 30 protocolos de intenções com o governo brasileiro em áreas como agricultura, aeronáutica, indústria automotiva, infraestrutura, energia e siderurgia. Serão, talvez, US$ 53 bilhões de investimentos no Brasil. Nenhum centavo no Mato Grosso do Sul?
A missão chinesa e os riscos que estarão na mesa de negociações.
Não há país no mundo onde não se encontrem chineses negociando ou investindo. O maior porto do mundo está sendo construído no Golfo Pérsico por empresas chinesas. A estrada que liga Viena a Berlim está sendo remodelada por empresas da China. O país asiático também está tocando as obras de melhoria da estrada que liga Madri a Lisboa. Outro grande projeto possível de ser alavancado pelos chineses, mas ainda em disputa, é um novo canal que ligará o Atlântico ao Pacífico para concorrer com o Canal do Panamá. Três anos após o incêndio que destruiu sua estação na Antártida, o Brasil está prestes a concluir licitação para reconstruir a base científica, e a China deve ficar com o contrato. Os chineses só não investem mais no campo brasileiro porque um burocrata do governo Lula resolveu proibi-lo de alocar dinheiro na agricultura nacional, mas há um ano atrás o Mato Grosso do Sul conseguiu garantir uma fábrica de transformação de milho e soja em Maracaju.
Em maio do ano passado a Argentina estava em "default", termo técnico que significa calote. Estava dando calote no mundo todo. Foi salva pelo dinheiro da China. Todavia, nessa negociação de divisas fecharam outros 15 acordos para participar de obras de infraestrutura na Argentina. Agora, passado o sufoco, salvos pelo dinheiro chinês, os argentinos estão preocupados com o custo desses acordos. Aventam a possibilidade de que eles contemplem que todas as obras serão tocadas por empresas chinesas, com material vindo da China, com equipamentos chineses e por trabalhadores chineses. O acordo China-Argentina está sendo mantido em sigilo, mas os candidatos à presidência (estão em campanha eleitoral) mostram-se preocupados com teor dos contratos. É claro que a posição do Brasil nem mesmo se assemelha à da Argentina de um ano atrás, mas também é importante saber que dinheiro barato deixou de existir no mundo desde a crise de 2008.
Por que os obesos comem demais?
A obesidade assusta cada vez mais o mundo. Os números de obesos não param de crescer. Rapidamente chegaremos à metade da população mundial com peso muito superior ao que deveria ter. É uma inversão histórica. O homem ao longo de sua trajetória na Terra saiu da condição de faminto para obeso. Até agora a grande pergunta que faziam era "qual o motivo da obesidade?" As respostas dadas não mostraram quaisquer resultados promissores - excesso de alimentação, genética e falta de exercícios - são respostas insuficientes. Os cientistas passaram a outra pergunta: "por que comem demais?" A resposta veio com a descoberta do hormônio que nos diz quando devemos comer e quando é o momento de parar. Esse tipo de trabalho mostrou que o peso é uma característica regulada pelos genes, de modo semelhante à estatura. Pensar em manipular o peso de maneira significativa a partir de dietas pode ser algo bem mais complicado que uma questão de vontade e de bons hábitos.
Milhões de anos de evolução nos legaram uma herança genética que fica o tempo todo buscando um ponto de equilíbrio entre morrer de fome e os inconvenientes de estar muito gordo para caçar ou para fugir dos predadores. O centro de controle desse mecanismo encontra-se no cérebro. Um grupo de cientistas de Harvard descobriu os neurônios AgRP, células nervosas que detectam a falta de calorias e desencadeiam uma série de sinais que nos fazem precisar de comida. Também já descobriram uma proteína que faz parte desse sistema - a MC4R é a proteína que está sendo estudada para a criação de um remédio que ajude a controlar o apetite e a obesidade, ao reduzir o sofrimento da fome associada à dieta.