A Grande Troca, o envio de alimentos das Américas para EU
Colombo não tinha ideia do que estava fazendo. Mas, de fato, ele mudou o mundo, especialmente no que concerne ao mundo dos alimentos. É possível datar com precisão o momento em que isso ocorreu. No dia 5 de novembro de 1.492, em Cuba, dois de seus tripulantes voltaram ao navio levando algo que ninguém, no seu mundo, jamais vira antes: "um tipo de grão que os nativos chamam de maíz [milho], que tinha bom sabor, assado, seco e transformado em farinha". O milho foi a primeira "descoberta" de Colombo.
A segunda, foi o tabaco.
Na mesma semana eles viram índios Tainos colocar na boca rolinhos de uma planta, acender, aspirar a fumaça para os pulmões e declarar que era uma atividade prazerosa. Colombo também levou para a Europa um pouco desse estranho produto. Assim começou o processo que é conhecido como a "Grande Troca", a transferência de alimentos das Américas para a Europa e vice-versa.
Mais de uma centenas de alimentos.
Os povos das três Américas, quando chegaram os europeus, já cultivavam mais de uma centena de plantas comestíveis. Os europeus eram pobres em tipos de alimentos, poucas dezenas eram cultivadas no Velho Mundo. Por aqui, havia a batata, o tomate, girassol, abóbora, berinjela, abacate, feijão, abobrinha, batata-doce, amendoim, caju, abacaxi, mamão, goiaba, inhame, mandioca, baunilha, chocolate e pimenta malagueta. É um estrondo, em torno de 60% a 70% de todos as culturas alimentares do mundo saíram das Américas.
Se apropriaram de nossos alimentos.
Hoje, a quantidade de alimentos que saem das Américas é muito grande, mas há pouca diversidade. O fato é que eles se apropriaram de muitas de nossas comidas. Imagine a comida italiana sem tomates, a comida grega sem berinjela, a comida tailandesa sem molho de amendoim, o curry indiano sem pimenta, o hambúrguer sem ketchup e nem batatas fritas.
De lá, poucos alimentos vieram para cá.
Os povos das Américas não tinham produtos lácteos. Havia apenas cinco animais domesticados: o peru, o pato, o cachorro, a abelha e a cochonilha. Não teríamos carne bovina e nem café no Brasil. O Kansas, dos EUA, não plantaria trigo, a comida mexicana não levaria queijo... realmente eles nos trouxeram poucos alimentos (e muitas doenças), mas se tornaram fundamentais em nossa dieta. Há, todavia, um número que grita: em torno de 90% das populações indígenas das Américas foram massacradas, pelas armas e pelos germes.
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