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Em Pauta

Caminhar pode ser um ato pró saúde ou político

Mário Sérgio Lorenzetto | 18/09/2020 06:26
Campo Grande News - Conteúdo de Verdade

Tantos meses depois, nos sentimos aprisionados pelo vírus. Seguimos sonhando viajar. Olhando nos mapas estaríamos dispostos, inclusive, a ir em lugares como "No Place" (Lugar Nenhum), na Inglaterra; Shit (Merda), no Irã; ou até para Idiotiville (Vila dos Idiotas), nos Estados Unidos. Mas a epidemia nos força a andar mais quietos. Assim, somos formados a descobrir, andando, lugares desconhecidos em nossa cidade, uma viagem a pé fora de nossos mapas cotidianos.


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Tudo começou em Paris.

A ideia de caminhar - sem necessitar - começou em Paris. Charles Baudelaire, um dos maiores poetas franceses, e os dadaístas (um movimento artístico de vanguarda, na Primeira Guerra), andavam sem rumo, iam a descampados, fotografavam e pleiteavam à administração pública de Paris mudanças que redesenhassem lugares considerados banais. O início do caminhar sem obrigação tinha um sentido político, não partidário.


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Os passeios de Jane.

Mas foi Jane Jacobs, especialista em estudos urbanos, quem efetivamente abriu novos caminhos para as caminhadas. Nos anos 30, chegou a N.York, procedente da Pensilvânia, e urdiu um plano: trabalharia pelas manhãs e caminharia pela cidade todas as tardes. Assim caminhando, encontrou seu destino. Começariam as lutas por uma cidade onde o importante fosse a liberdade, a segurança, a saúde, a proximidade para todos. Por isso, desde 2006 - data da morte de Jane - celebram em muitas cidades do mundo os "Janes Walks" , os "Passeios de Jane". As pessoas não só passaram a caminhar, como a enxergar com olhos críticos e fazer propostas para corrigir os espaços urbanos menos acolhedores da cidade.


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Sem pressa.

Caminhar é importante para a saúde. É divertido. Combate a angústia e age a favor das vias respiratórias. Em uma sociedade onde a pressa manda, o carro é rei e as estradas redesenharam completamente as paisagens dos campos, montanhas e litorais, caminhar é uma forma de resistência contra a ideia de que o corpo é um artefato antigo, quase inútil. Porque não é. É um artefato fabuloso, sem igual. Usem. Caminhem.


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