Ciência fajuta: as pesquisas que provam qualquer coisa
Basta seguir o noticiário cientifico por algum tempo para perceber que conflitos de resultados vindos de pesquisas diferentes são comuns. Um dia, comer ovo ajuda o coração; no dia seguinte, aumenta o risco de infarto. Aspirina, um dia, ajuda a mitigar o avanço do mal de Alzheimer; no outro, não tem efeito detectável no progresso da doença. E por aí vai.
Poucos voluntários?
Como pode ser assim? Talvez os estudos tenham usado poucos voluntários, diminuindo sua confiabilidade, ou talvez o protocolo de investigação não tenha sido o mais adequado. Ou talvez ninguém tenha culpa pela contradição. Pois, ao que parece, é assim que a ciência funciona - ou não funciona.
As “coincidências”.
Um dos dramas das pesquisas são as “coincidências”. Os pesquisadores analisam seus voluntários e tentam estabelecer “coincidências” entre dois fatores dispares - por exemplo, comer mais ovos e ter mais problemas cardíacos. Se encontram paralelo estatístico que, no jargão cientifico, possa ser considerado “significativo”, apresentam potencial descoberta. Isso mesmo que não façam a mais vaga ideia de como o ovo possa influenciar ou não o funcionamento do coração.
A modinha dos hábitos alimentares.
Não é à toa que ficamos malucos tentando entender os resultados das pesquisas que tentam investigar o impacto de hábitos alimentares e comportamentais na saúde. Alguns dos estudos mais citados e propagandeados foram refutados algum tempo depois de sua publicação. Por exemplo, até um tempo atrás, garantiam que a vitamina E poderia reduzir pela metade acidentes cardiovasculares, tanto em homens como em mulheres. Hoje, sabemos que não passa de propaganda de vitamina E. Elas não ajudam, e em altas doses podem até aumentar a mortalidade.
Foram malfeitas.
Outros estudos afirmavam que reposição hormonal protegia o coração. Grandes testes posteriores mostraram que, em média, ela aumenta o risco de problemas cardiovasculares. Alguns anos atrás, tudo que vinha da epidemiologia nutricional sugeria que vivíamos com dezenas de fatores de risco nutricional para câncer. Em uma revisão imensa, quase nada das proibições nutricionais sobrou. Caiu por terra e não mais voltou. Em uma só palavra: malfeitas.
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