É possível que 70% rejeitem o futuro Presidente
Todos os números e o clima nas ruas indicam que a eleição de outubro será a de uma frase lapidar: "Eu não quero votar para Presidente". Pior, também é possível que o presidente eleito não receba os votos de 70% dos eleitores. A crise estará instalada tão logo saiam os resultados. Até o momento, o enorme bloco dos que rejeitam todos os candidatos é amplamente majoritário, como comprovam, mais uma vez, os números da pesquisa Datafolha. Não há no cenário nenhuma nuvem, ainda que voando na velocidade de uma tartaruga, que mude os rumos dessa nebulosa plúmbea. Vai chover faca e canivete, é o que diz a pesquisa.
Não enxergar a realidade das aspirações da sociedade é um direito de qualquer militante de candidatos ou de partidos, mas as autoridades de todos os poderes não têm esse direito dos cidadãos comuns, ganham regiamente salários para evitar qualquer crise aguda e profunda como a que se avizinha novamente. Só cegos não percebem que o presidente eleito terá prazo de validade de poucos meses. Caminhamos, celeremente, para a queda da democracia.
Todos os candidatos a presidente têm mais rejeição do que votos.
As manchetes alardeiam o que os jornalistas militantes desejam. Algumas são francamente favoráveis a Lula e outras a Bolsonaro. Raras, trombeteiam Alckmin. Só leram o que lhes interessa. A intenção de votos é procurada animadamente por muitos. Mas se "esquecem" da rejeição. A leitura obrigatória de uma pesquisa eleitoral faz a mediação entre votos e rejeição. Não há alternativa.
Conforme a Datafolha, a rejeição de todos os candidatos continua fortíssima, superior à intenção de votos que talvez venham a ter em outubro.
Lula têm, no máximo, 37% dos votos. Mas têm 40% de rejeição. É possível que Bolsonaro atinja 18% dos votos, mas sua rejeição é de 29%. Marina pode atingir 13% dos votos, mas têm 23% de rejeição. Ciro poderá contar com 10% dos votos, contra 21% de rejeição. Alckmin deve chegar a 8% dos votos, todavia, sua rejeição é de 26%. Os demais são candidatos sem densidade eleitoral, mas ainda assim contam com grande rejeição: Rodrigo Maia têm 21% de rejeição, Doria e Meirelles estão empatados com 19% de rejeição.
Esqueceram do submarino.
Em Porto Alegre os petistas organizaram acampamentos, comícios e atividades culturais na semana que antecedeu o julgamento de Lula. No final, abandonaram a capital dos gaúchos, cabisbaixos. Ainda em Porto Alegre, movimentos que exigiam a condenação do ex-presidente comemoraram a decisão dos juízes com um CarnaLula, um carnaval antecipado em três semanas. Tudo no Brasil têm carnaval. Não houve, no entanto, notícias de confronto ou de excessos de um lado ou de outro. Talvez mostre que o ódio mora apenas nas redes sociais da vida. Ou talvez porque o governo gaúcho tenha preparado um aparato de segurança nunca antes visto nas redondezas. Aviões da força aérea sobrevoavam a área do tribunal. "Snipers" - atiradores de elite - estavam colocados em pontos estratégicos para matar quem causasse distúrbio. Embarcações da Marinha vigiavam o Guaíba. Milhares de policiais nas ruas. Talvez mais que manifestantes. Só esqueceram do submarino... Se é para exagerar, algo que gaúcho não tolera, tinham de ter colocado um submarino para cuidar das arruaças.