Marina promete acelerar os processos de demarcação de terras indígenas
Como esta coluna havia previsto, Marina acaba de lançar a sua "Carta ao Povo Brasileiro", o mesmo movimento que o então candidato Lula fez em 2002. Lula se comprometia a manter os contratos e buscava se tornar palatável aos olhos do mundo econômico, sem os quais é impossível governar. O programa de governo de Marina ganhou ares de um documento feito sob medida para blindar a candidatura de críticas que possam abater seu voo ao Planalto. Em bom português: rasgou os livros do radicalismo e passou a ler os livros de um inacreditável liberalismo. Direita, volver.
Menos com o agronegócio. O movimento Marinista foi o de escolher seu vice ligado ao agronegócio se aproximar dos usineiros e dos reflorestadores. Tirar um naco do agronegócio que estava com os tucanos. Para os demais, os livros da radicalidade ainda dominam seu pensamento.
Índio tem direito à terra e à preservação das tradições, governo deve fomentar a gestão pública das terras indígenas, diz um trecho do discurso de Marina. Ela toca claramente em duas questões sensíveis para o agronegócio. Promete acelerar os processos de demarcação de terras indígenas e o reconhecimento de terras quilombolas, fortalecer a Funai (no caminho inverso do que vem sendo feito pelo governo Dilma) e reestruturar o Ministério da Justiça para que "atue com rigor ao decidir sobre os limites das terras a demarcar". Diz que irá indenizar os atuais proprietários quando cabível (somente as terras?). Criará um fundo de regularização fundiária para indenizar todo esse pessoal. Não discrimina de onde virão os recursos. E fala em criar unidades de conservação que preserve os biomas brasileiros, de modo que o Brasil atenda seus compromissos internacionais.
Mas se os pressupostos da continuidade dos conflitos entre fazendeiros e indígenas estão lançados pelo programa de Marina, ela está cooptando o a agroindústria da cana-de-açúcar. Diz que ela não pode ficar a reboque da intervenção estatal por causa de políticas de controle de preços da gasolina. Em um jantar com 60 empresários do agronegócio, Marina convidou Rubens Ometto da Cosan e a presidente da Única, Elizabeth Farina. Marina também fala em zerar a perda da cobertura florestal no Brasil, em zerar o desmatamento e em aumentar em 40% a área de florestas plantadas. E lembra que tem muita área desmatada não produtiva.
O gigantismo do SUS e o avanço com os medicamentos
O estado da saúde no Brasil é diagnosticado pela população como um doente em estado debilitado. As causas da doença da saúde também estão claras: má gestão e poucos recursos. Mas existem partes do corpo doente da saúde que estão muito saudáveis, uma delas é a área de medicamentos. Nos últimos anos ocorreu um grande avanço na distribuição e pesquisa de medicamentos no país.
O gigantismo do SUS e o salto no número de medicamentos ofertados pelo governo federal estão transformando o sistema produtivo da saúde em um dos maiores complexos econômicos do Brasil. Ele já superou a marca de 10% do PIB (Produto Interno Bruto) nacional.
Por trás desse crescimento estão as parcerias entre poder público e iniciativa privada. São R$ 13 bilhões financiados pelo governo para a produção e inovação industrial de medicamentos. Uma pena que nem uma ínfima parte desse montante tenha sido procurada pelos empresários do Mato Grosso do Sul para a instalação, por exemplo, de uma indústria de vacinas em nosso território. No total, são 104 parcerias entre instituições públicas e privadas, com 75 parceiros envolvidos, dos quais 19 são laboratórios públicos e 57 privados.
O resultado desse imenso investimento significará uma economia de R$ 4 bilhões para os cofres da União. Serão pelo menos 25 novos produtos que já foram liberados pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) e brevemente chegarão às prateleiras das farmácias. E teremos mais. Outros 101 produtos, 66 medicamentos, sete vacinas e 28 equipamentos de materiais médicos estão sendo estudados. Sete vacinas já saíram dessas parcerias e estão sendo administradas na população - para HPV e hepatite A estão na linha de frente. Parcerias para produzir marca-passo, stent e, pela primeira vez, o Brasil entrará no seleto grupo de países que produzem equipamentos para radioterapia.
Esgoto tratado poderia ser a fonte mais segura e ecologicamente saudável de água de torneira
Todas as empresas de abastecimento de água do mundo estão de olho em uma unidade piloto de San Diego (EUA). No momento, ela produz 3,7 milhões de litros de água por dia. Água originária de esgotos. Essa cidade retirava até 90% de sua água de dois rios, Colorado e Sacramento. Mas essas duas fontes estão secando. O preço da água de outras regiões dobraria na próxima década.
Mas sejamos francos, nem todo mundo apreciaria um gole de esgoto tratado. A repulsa é muito grande. No final da década passada, essa repulsa acabou com a primeira tentativa de tratar os resíduos do esgoto para convertê-lo em água de torneira. Uma pesquisa constatou que 63% dos habitantes de San Diego se opunham à ideia do reuso (como é denominado o tratamento do esgoto para fins potáveis). Várias propostas na Austrália tiveram o mesmo fim, vetadas pela sociedade. Mas à medida que a seca se agravou o placar se inverteu. Hoje, 75% da população aprovam o reuso.
A ideia para vencer as barreiras da repulsa foi bem simples: apresentavam três copos com água. O primeiro parecia ter uma ligeira coloração amarela. O segundo era incolor. O terceiro tinha o brilho de um diamante. A maioria das pessoas identificava o primeiro copo como água normal de torneira; o segundo, como água reciclada e o terceiro como água límpida dos rios. E errava. O terceiro, o com água com brilho de diamante era proveniente de reuso. A outra vantagem está no preço. A água de reuso de San Diego não só é mais limpa que a água potável convencional como pode ser produzida a um custo inferior a outras opções de obtenção de água doce.
Campo Grande tem 158.493 famílias endividadas
E mais da metade55% está com dívidas em atraso, conforme a Radiografia do Endividamento das Famílias Brasileiras, realizada pela Fecomércio (Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo) que traz os dados comparativos de 2011, 2012 e 2013. O estudo, divulgado ontem, considera como base as informações do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) e a CNC (Confederação Nacional do Comércio). A Capital está com o maior número de famílias em atraso, na proporção a outras capitais. Hoje, 65% das famílias campo-grandenses estão endividadas.
A pesquisa da Fecomércio aponta que a quantidade de famílias endividadas no Brasil cresceu quatro pontos porcentuais em um ano. Passou de 59% registrado em 2012 para 63% em 2013 (mesma porcentagem apontada em 2011). Foram 770 mil famílias com algum tipo de crédito ou financiamento no período. O valor mensal dessas dívidas também aumentou: R$ 16,1 bilhões. No ano anterior eram R$ 14,9 bilhões. O estudo aponta que a parcela mensal das dívidas por família caiu 1,5%, saindo de R$ 1.869 para R$ 1.840. Ainda em Campo Grande, o comprometimento de renda com as dívidas atinge 29% das famílias, que devem, em média, R$ 1.410.
Produção de ração animal cresce 2,4% no primeiro trimestre
Foram 31 milhões de toneladas de ração, principalmente para equinos, gado bovino de leite e pets, conforme os dados apresentados pelo Sindicato Nacional da Indústria da Alimentação Animal – o Sindirações. A previsão é de aumento dos negócios após o arrefecimento ocorrido no ano passado, segundo o vice-presidente executivo da entidade, Ariovaldo Zani. O segmento de rações para equinos cresceu 5,9%, seguido por 5,7% para a bovinocultura de leite e 5,2% aos pets. Houve, ainda, crescimento na produção de ração para a avicultura de corte. Somente este segmento consumiu 15,3 milhões de toneladas, 2,8% mais que o primeiro semestre do ano passado.
Na produção, o destaque para o aumento da demanda por gado de leite. Na avaliação do Sindirações, as vendas aumentaram por conta da estiagem prolongada que afetou as bacias leiteiras e aquecimento do mercado de laticínios. No período de janeiro a junho, a demanda por rações para gado leiteiro chegou a 2,6 milhões de toneladas. Somente para cães e gatos, foram produzidos 1,2 milhão de toneladas nos primeiros seis meses do ano.
Grupo luso-brasileiro vai investir R$ 700 milhões em fábrica de cimento no Brasil
Será a segunda no país, com previsão de início dos trabalhos para o segundo trimestre em Adrianópolis. Com o novo empreendimento Semapa, a capacidade de produção no Brasil será de 1,5 milhões de toneladas, que representa 68,8% acima do ano passado. Dados da Comissão de Mercado de Valores Mobiliários do Brasil apontam que as operações do grupo Supremo no Brasil durante o primeiro semestre de 2014 geraram EBITDA de R$ 9 milhões, 39% acima que o mesmo período de 2013. O grupo Semapa conta com 5 mil colaboradores em vários países e atua, além do segmento do cimento e derivados, na produção de pasta de papel e papel, estas últimas sob administração da Portucel.