Nova guerra fria. Quem tem medo do lobo?
O Ministério do Exterior da China - e suas Embaixadas - está lançando uma combativa campanha nas redes sociais, em réplica aos tuítes de Trump ou de qualquer autoridade que resolva denegrir seu país. Estão denominando está nova fase de "diplomacia do lobo guerreiro", nome de um patriótico e popular filme chinês de ação. A ideia é não provocar nenhuma autoridade mundial, mas se apanhar, baterá de volta com contundência. Já vimos como passam a responder. Enfrentaram o filho do Bolsonaro e o ministro da Educação do Brasil. Está finalizada época do "apanha e cala".
Os dias da China submissa acabaram.
Aviso aos navegantes (e aos vendedores de grãos e carnes), os dias em que a China era submissa pertencem ao passado. Pequim está mostrando uma nova faceta. Uma capacidade de reação e reflexos de alta velocidade. Está conseguindo até reverter a narrativa desastrosa do covid-19 em um êxito inimaginável. As medidas draconianas conseguiram conter a propagação do vírus. Só a Coreia do Sul e a Alemanha conseguiram tal façanha. Ato seguinte, Xi Jinping lançou uma ofensiva de poder duro e poder suave. Ajuda gratuita para os países amigos. Cobrança antecipada para os antipatizados. Adivinhem onde nos posicionamos infantilmente?
A pseudo-medicina chinesa.
A aparição do covid-19 é um indicador das tensões internas chinesas. Um país que tem urbes super desenvolvidas e um campo ainda atrasado. É desse atraso rural que saem hábitos seculares que põem em risco a saúde dos chineses e nossa. Adotam costumes alimentares perigosos e uma pseudo-medicina, uma medicina mágica que influencia o ocidente. Engolem pó de chifre de rinoceronte e pedaços de tigre, por exemplo. Morcego é comido pelos "machos", uma forma de demonstrar que tem mais força que o outro. Originada há 2.000 anos, a medicina rural chinesa pensa que a doença resulta de fluxo impróprio da força vital, ideias presentes na acupuntura e no uso de ervas medicinais. São hábitos e pensamentos deletérios que, com nossa alimentação de rabos e patas de boi e garrafadas de ervas, não nos distanciamos dos chineses.
O novo imperialismo chinês.
Durante algumas dezenas de anos, os Estados Unidos compraram todas as empresas prósperas do mundo. Era muito difícil impedir a aquisição de alguma empresa que a eles interessassem. Por outro lado, eram eles que criavam produtos a serem vendidos no mundo inteiro sob o comando de uma poderosa máquina de marketing. Esse tempo acabou. Atualmente, os alarmes mundiais estão tocando, o medo de que os chineses venham a adquirir todo tipo de empresa em qualquer país a preço de liquidação, estão soando com força. Como só eles têm dinheiro, começam a endurecer as condições de compra e de empréstimos.
Donald Trump é quem mais contribui com esse quadro. A cruzada de acusações mútuas chega a uma agressividade para além da guerra fria. Ofendem ao invés de conclamar e guiar rumo a uma cooperação internacional. Por outro lado, agindo espertamente, sem uso das ferramentas ideológicas que tanto apregoa, acaba de vender, inesperadamente um milhão de toneladas de soja. Acredita-se que essa quantidade deveria sair do Brasil. Os dois brigam e nós pagamos a conta. Não podemos esquecer que em uma crise extrema da premissa hobbesiana de que o homem pode vir a ser um lobo para o homem. Quem tem medo do lobo? Só os brasileiros ingênuos e despreparados (ou desesperados, caso dos EUA) não tem.