O eterno combate da medicina contra os feiticeiros e charlatães
A medicina ocidental nasce na Grécia e na Itália, 600 anos antes de Cristo. Após alguns estudos, nessa época surgem quatro escolas de medicina. A Pitagórica, que encarava a saúde como um equilíbrio de forças dentro do corpo; a Siciliana, que dava importância ao ar; a Jônica, que começou os estudos de anatomia e a Escola de Abdera, que dava especial importância à ginástica e à dieta. Todas eram respeitadas, mas haveria a necessidade de alguém unificar esses estudos.
Hipócrates da Escola de Cós contra a Escola de Cnidos.
Hipócrates descende de uma linhagem de médicos. Seu avô, Alcméon de Crotona, foi médico ligado à Escola Pitagórica. Foi autor da primeira doutrina médica ocidental sobre o binômio saúde-doença. A medicina dava os primeiros passos para se distanciar dos feiticeiros e charlatães. Mas o grande combate tardaria quase duzentos anos para ocorrer. Seu neto, Hipócrates, seria o pivô dessa luta. Seus adversários tinham uma escola em Cnidos.
Fala Políbio, braço direito e genro de Hipócrates.
"É seu combate, mestre, que escrevemos. É o combate daqueles que observam o doente e seus sintomas para extrair um diagnóstico e predizer o resultado do mal. É seu combate contra os feiticeiros e charlatães que só curam sob a pretensa influência dos deuses, procurando a previsão no voo dos pássaros ou na configuração de pedrinhas espalhadas no chão". Esse o anunciado do combate entre os dois pensamentos que nunca desapareceram do ocidente. Está presente no nosso dia-a-dia. Está presente em nossas casas. Resiste dentro dos hospitais e farmácias. Mais do que na última década do século passado, trombeteiam nos consultórios médicos. Aqueles que juraram seguir as ideias de Hipócrates. Pedrinhas, apenas pedrinhas no chão... A medicina nunca esteve dissociada da política, da economia, da filosofia.