Para onde vão os insetos quando começa o frio?
Agora me vê. Agora não me vê. Nos dizem os insetos ao longo do ano. Durante o tempo mais quente compartilhamos o espaço com milhões de criaturas de seis patas que em certos casos pode chegar a exasperar-nos. Todavia, quando chegam os meses mais frios a imensa maioria desaparece misteriosamente. Mas, onde eles se ocultam durante o inverno? Simplesmente morrem? Conseguem emergir-se de suas cinzas quando regressa o calor?
A resposta não é tão simples como muitos imaginam. Não existe uma solução única comum aos insetos para se colocarem a salvo no frio. Alguns tratam de escapar do frio de alguma maneira, outros congelam-se e vivem para contar como foi o frio. Destas duas opções, a estratégia mais comum é escapar do frio. Entre os que fogem do frio, uma minoria migra para regiões mais quentes e chegam a voar milhares de quilômetros. Outros insetos considerados pragas agrícolas também migram. Mas a imensa maioria fica no mesmo lugar e enfrenta o frio. As abelhas se apinham na colmeia para suportar o frio com o calor das outras abelhas. As formigas se internam no lugar mais profundo do formigueiro e tampam a entrada com restos vegetais. Mas há outro arsenal de contra-medidas para enfrentar o "general inverno".
Uma revolução química nos corpos dos insetos.
A redução do tempo de luz faz saltar o alarme no relógio biológico dos insetos. "Tocam a corneta" e entram em "diapausa", um estado de vida que reduz seu metabolismo a quase zero, para seu desenvolvimento e mobiliza suas reservas de gordura. "Hibernam". No final dos anos 50, descobriram que, durante o inverno, numerosas espécies perdem parte da água de seus corpos e a substituem por glicerol, um anticongelante natural que evita a formação dos destrutivos cristais de gelo no interior de seus organismos.
Além do glicerol, os insetos são capazes de produzir outros compostos protetores contra o frio que foram denominados de "crioprotetores". O principal crioprotetor é a proteína nucleadora de gelo, que tal como o glicerol, impede a formação de cristais de gelo.
Morte invernal.
Mas o certo é que uma solução para muitos insetos adultos é simplesmente morrer, já que asseguraram a sobrevivência de sua espécie para o tempo de calor deixando atrás de si seus descendentes. Esses filhotes de insetos estarão sob a forma de ovo, larva ou pulpa. São formas imaturas que resistem bem ao frio com a ajuda de seus abundantes anticongelantes e escondidas em ocos de árvores, embaixo das pedras ou enterradas no solo. Como muitas delas saem no tempo quente na forma adulta, não encontrarão alimentos suficientes em tempo de ataque humano sistemático ao meio ambiente e morrerão, não de frio, e sim de fome.
Recentemente algumas universidades dos países mais desenvolvidos começaram a estudar esses anticongelantes naturais para utilizá-los na conservação de alimentos, na conservação de órgãos para transplante e no desgelo dos aviões. Antes que desapareçam pelas atividades desenfreadas dos humanos, ainda temos muito a aprender com eles.