Pfizer ocultou remédio que poderia prevenir o Alzheimer
Uma notícia exclusiva do The Washigton Post, uma equipe da empresa farmacêutica Pfizer descobriu que um medicamento da companhia - o Enbrel - um potente anti-inflamatório para tratar da artrite reumatoide, poderia reduzir o risco do sofrimento com o Alzheimer. Foi um achado surpreendente. Em 2015, após analisar centenas de milhares de reclamações, uma das equipes da Pfizer chegou a essa conclusão. Todavia, a equipe solicitou mais dinheiro para ter certeza desse efeito. Depois de um longo debate interno, a gigante farmacêutica resolveu não prosseguir com as pesquisas bem como não publicar os resultados.
Prevenir, tratar e reduzir a progressão do Alzheimer.
"O Enbrel poderia potencialmente prevenir, tratar e reduzir a progressão do Alzheimer", diz um documento da Pfizer que o The Washigton Post teve acesso. Os cientistas da empresa que estudavam o Enbrel haviam solicitado US$ 80 milhões para prosseguir os estudos com milhares de pacientes. Mas, segundo a Pfizer explicou ao jornal, depois de três anos de estudos internos a companhia entendeu que a expectativa de que o Enbrel prevenisse o Alzheimer não era alta porque o medicamento não alcança diretamente o tecido cerebral.
A Pfizer era obrigada a publicar seu achado?
A imprensa mundial está travando um debate acalorado sobre as obrigações da Pfizer. Seria a companhia obrigada a divulgar seu conhecimento científico? Ao que se sabe até o momento, a Pfizer compartilhou seus dados com pelo menos um cientista que não trabalha para a empresa. Todavia, muitos cientistas consultados pelo jornal consideram que a empresa deveria ter publicado esses dados para que todos pudessem ter acesso. As indústria farmacêuticas tem sido alvo constante de críticas por ocultar os efeitos negativos de seus medicamentos. Mas não existe consenso sobre quais obrigações devem ter de difundir possíveis efeitos positivos novos.
A busca por um produto que combata o Alzheimer ter sido frustrante. Apesar dos bilhões de dólares investidos e da divulgação de que encontraram algum medicamento que dê bons resultados, nada aconteceu na prática. No máximo, conseguiram alguns resultados em ratos de laboratório que não avançaram.
Mais de 400 pesquisas fracassaram. O único fármaco aprovado foi há 10 anos que só trata dos sintomas e de maneira temporária. Para piorar, a Pfizer resolveu fechar o departamento que estudava o potencial do Enbrel e de outros medicamentos neurológicos.